Trata-se de um anúncio publicitário interessantíssimo que atesta sobre como
o mundo era muito diferente há quarenta e poucos anos atras. Mas não era
diferente, diferente. Era muito diferente mesmo. As mudanças nessas últimas
quatro décadas atingiram uma velocidade nunca antes detectada na história da
humanidade. E acredito que essa velocidade só vem aumentando.
Tipo, se nos últimos quarenta anos tivemos um coeficiente de velocidade de
20 pontos, metade desses pontos foi somente nos últimos 10 anos. E aumentará
ainda mais.
Olhem esse anúncio da União Brasileira dos Bancos, de fins dos anos 60, que
diz que a melhor maneira de você confiar na sua mulher é abrindo uma conta
conjunta com ela. Primeiro, até então não existia conta conjunta no Brasil. Segundo,
o anúncio deixa a entender que só os homens tinham conta em banco e que deveriam
abrir uma conta conjunta pra esposa. Terceiro, se fosse hoje, ainda estariam zombando
da mulher, pois adicionar a mulher na conta conjunta seria o ato máximo de confiança.
Já pensou o diálogo?
- Olhe meu amor, eu confio
muito em você, vou até colocar você junto comigo numa conta chamada conjunta
que inventaram agora!
- Oh, que emoção!
O anúncio falava ainda em “repartir a responsabilidade de administrar o
dinheiro da família com a esposa”, ou seja, até então, a pobre coitada só
entendia mesmo de lavar, cozinhar, passar, fofocar e se deitar.
Ainda, “Você não vai precisar sair de casa pra pagar as contas de água,
luz, telefone, impostos, carnês e etc, a sua mulher poderá fazer isso pra você”,
não é uma maravilha? Alem do que, ela não precisará mais ficar com grandes
quantidades de dinheiro pra pagar o armazém, a costureira, o tintureiro, a
escola das crianças, pois irá usar o seu cheque e tudo estará anotado no
canhoto, pra você saber exatamente quanto, como e quando ela gastou.
O anúncio ainda mandava pensar nela, pois é muito mais elegante pra uma
senhora pagar com um talão de cheques do que com dinheiro vivo, sujo. Também serve
pra quando você for viajar e não ter que deixar dinheiro com a esposa, ou caso
fique doente de repente.
No final, o anúncio vaticinava: “Abra uma conta conjunta com sua mulher. Um
simples gesto vale mais que mil palavras”.
Bem, os tempos mudaram. Hoje em dia, muitas delas já se cansaram das contas
conjuntas e mesmo casadas, mantem contas separadas dos maridos. Principalmente se
ela tiver mais dinheiro ou ganhar mais. O grande presente que o homem dava, foi
tomado até mesmo dele.
Essas coisinhas do cotidiano são realmente um retrato fiel dos costumes. E não
aqueles encontrados nos questionários da vida, todos com maquiagens e respostas
politicamente corretas. E dá-lhe conta conjunta.