Collor pegou um país que vinha de uma estagnação desde o início dos anos
1980, e pegou o país depois de Sarney, que teve quatro ministros da Fazenda,
aplicou quatro choques econômicos, teve três moedas e que no último mês de
governo, dezembro, a inflação chegou à 50%. No início do governo Figueiredo,
essa inflação era de 50% ao ano. Se anualizar esses cinquenta por cento, ela dá
um monstro de 12,874% ao ano.
Collor herdou a maior massa falida da história do Brasil até então. A
divida externa brasileira era de 120 bilhões de dólares, o que nos colocava
como o maior devedor do mundo. E isso era uma conta informal, pois em 1987
Sarney declarou uma moratória internacional. Por causa da inflação nos
píncaros, o empresariado brasileiro continuava com suas reservas no Over ou no
dólar, em vez de usa-las pra produzir.
E o governo permanecia pagando juros ferozes pra obter os empréstimos para
cobrir seu rombo de caixa. Isso era uma estagnação no setor privado e no setor
público ao mesmo tempo. Traduzindo, isso era falta de transporte, escola,
hospitais e até comida pro povo.
O Brasil tinha 70 milhões de cidadãos que viviam com menos de dois salários
mínimos, 35 milhões que não sabiam ler e 65 pessoas de cada 1000 já vinham
condenadas a morrer antes mesmo do primeiro ano de vida. Os brasileiros queriam
mudança, por isso a falta de sucesso das siglas maiores do país, que eram PFL e
PMDB.
Em resumo, a situação que Collor pegou quando chegou ao governo era mais ou
menos assim:
Inflação – Era a pior doença do país, pois tem
efeitos colaterais que se espalham por todos os pontos do tecido social. Os
sinais de hiperinflação já podiam ser sentidos quando Sarney estava deixando o
mandato.
Deficit público – As contas públicas tinham um débito de
27 bilhões de dólares. A incapacidade de Sarney de administrar suas contas e
despesas iria causar uma bomba que iria estourar posteriormente.
Serviço público – O Brasil tinha um serviço público
ineficiente que consumia entre 60 a 80% da receita disponível. Havia no país
181 empresas estatais, que abrigavam 1 milhão de funcionários. Isso era um
fardo pesado pro governo e impedia o desenvolvimento do país.
Educação – O Brasil era a oitava economia do mundo
ocidental, mas tinha índices de alfabetização piores do que Uruguai e Paraguai.
Havia no Brasil 35 milhões de analfabetos. De cada duas crianças que entravam
na escola, uma era reprovada na primeira série.
Saúde – De cada 1000 crianças que nasciam, 65
morriam antes de completar um ano de vida. O Brasil não havia conseguido acabar
com doenças de pobreza, como o Mal de Chagas, que afetava 5 milhões de pessoas
e a esquistossomose, que atingia 10 milhões de brasileiros.
Habitação – O déficit habitacional atingiu 10 milhões de
moradias. E quarenta milhões de pessoas viviam em péssimas condições,
amontoando-se em favelas, cortiços e outras formas precárias de moradia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário