quarta-feira, dezembro 21, 2011

Economia 1


O ano de 1997 foi um divisor de águas na minha vida, sem sombra de dúvidas. Eu começava o terceiro semestre do curso de administração de empresas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte no meio do ano, e começava a me interessar pelos assuntos econômicos do país e do mundo. Eu havia acabado com todas as minhas tentativas de empreendedor (fábrica de gelo, jornal teen e lanchonete) e resolvi me dedicar somente aos estudos.

Era o terceiro ano do primeiro mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O país vivia ainda sob a euforia do Plano Real. O programa de estabilização foi extraordinário no combate à inflação, mas estava esbarrando na falta de crescimento.

Uma consequência direta dessa falta de crescimento é o desemprego. E para crescer é preciso ter dinheiro, financiamento. E pro governo ter esse dinheiro, é preciso ter as contas equilibradas. E pra equilibrar essas contas, era preciso fazer reformas que o governo ainda não havia feito.

Pra completar, tivemos uma crise em Hong Kong, que fez com que os investidores retirassem o dinheiro da bolsa de lá. Acontece que o investidor global quando precisa, vende as ações que tem mais liquidez pra cobrir suas posições em outro lugar. E isso provoca quedas nas ações do mundo todo.

Então quando o investidor sai do país, seu dinheiro é convertido em dólar. Aí quando esse dinheiro sai em massa, falta dólar no mercado e o preço do dólar sabe. Foi por isso que o governo FHC interviu, lançando dólares na praça pra manter a paridade do Real diante do dólar.

Mas pra decepção da oposição, no caso da época representada pelo PT, a crise de Hong Kong mostrou um lado forte do Brasil. A queda das bolsas brasileiras foi grande porque as ações brasileiras tinham muita liquidez. Telebrás, Petrobrás, Telesp e Eletrobrás, que eram mais de 80% do mercado brasileiro, foram vendidas rapidamente porque tinham muitos interessados em compra-las.

O outro ponto positivo foi a demonstração de competência do Banco Central no controle da crise, utilizando as reservas em dólar. O problema podia ter sido muito mais sério se não tivessem agido com competência. No México a desvalorização da moeda foi de 7%. O ponto negativo foi ver que o Plano Real dependia demais do dólar, da chamada âncora cambial.