terça-feira, abril 30, 2013

Father Forgets



Certa vez, durante ainda meu curso de graduacao no Brasil, tive a oportunidade de ler o famoso livro de Dale Carnegie, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Uma cópia me chegou às maos através do meu amigo Gustavo Sousa. Logo no inicio, tinha uma historinha chamada “Father forgets”, de W. Livingston Larned, escrita ainda na década de 20 do século passado. 

Me deparei com essa historia novamente há pouco tempo atras e acho que todos os pais deveriam dar uma lida, pelo menos uma vez. Eu já reli várias vezes. O texto se dá com o pai sentado ao lado da cama, falando ao filho enquanto este dorme. Ele diz:

“Escute, filho, eu estou falando isso pra voce enquanto voce dorme, com uma maozinha embaixo do seu rosto e seus cabelos pregados na sua testa úmida. Eu entrei no seu quarto sem ninguem ver. Essa vontade surgiu enquanto eu lia meu jornal na bilbioteca, e uma forte onda de remorso me tomou de assalto. Cheio de culpa, vim para cá.”

“Tem umas coisas que eu estava pensando, filho. Eu tenho sido muito bruto com voce. Eu gritei com voce enquanto voce se vestia pra escola porque voce não tinha lavado bem o rosto. Fiquei irritado porque não havia limpado bem os seus sapatos. Eu fiquei ainda mais bravo quando voce deixou cair algumas das suas coisas no chao, por acidente”.

“Na hora do café da manha, novamente fiquei com raiva, porque voce deixou cair comida no chao. Engoliu a comida sem mastigar e colocou seus cotovelos na mesa. Voce colocou manteiga demais no pão. Quando voce comecou a brincar, eu, com toda raiva, parti pro trabalho. Voce parou de brincar e comecou a ir atras de mim pra se despedir, pulando de alegria, dizendo “Tchau, papai!” e eu com a testa franzida, disse em resposta, “Mantenha seus ombros eretos” e saí sem dizer mais nada”.    

“Tudo comecou novamente à tarde. Quando eu vinha chegando em casa, o vi de joelhos jogando bolas de gude. Tinham furos nas suas meias. Eu humilhei voce na frente dos seus amigos, fazendo com que voce marchasse na minha frente até a nossa casa. Meias são caras e se voce tivesse que comprá-las, voce iria ser mais cuidadoso. Imagine isso, filho, vindo de um pai?”

“Voce se lembra um pouco mais tarde, quando eu tava lendo o jornal na biblioteca, da forma timida que voce chegou, como que com o olhar magoado? Entao eu olhei por sobre o jornal, irritado com a interrupcao que voce tava me causando, voce hesitou na porta e entao eu perguntei “O que você quer?”, em tom rispido?”

“Voce nao disse nada, mas apenas correu pra mim, e num mergulho, jogou seus bracos em torno do meu pescoco, me abracando e me beijamdo, e seus bracinhos apertados traziam todo o amor que estava no seu coracao e que mesmo minha falta de atencao e afeto não conseguiu matar. E de repente, voce foi embora, subindo as escadas pro seu quarto, alegre”. 

“Bem, filho, foi apenas uns segundos depois disso que o jornal caiu das minhas maos e um sentimento terrivel de medo caiu sobre mim. O que o habito tem feito comigo? O habito de procurar culpa, de criticar tudo. Essa era a minha recompensa pra ti por seres crianca. Não era porque eu não te amava, o problema é que eu esperava demais de voce, um menino. Eu estava avaliando voce comparando com meus proprios anos de vida”.

“E tinha tanta coisa que era tao boa e perfeita no seu carater. O teu pequeno coracao era tao grande quanto à alvorada que se levanta por detras das montanhas. Isso foi demonstrado pelo seu impulso espontaneo de correr e me beijar antes de ir dormir. Nada mais importa esta noite, filho. Eu vim pra sua cama agora no escuro e me ajoelhei aqui, envergonhado”. 

“É uma tentative fraca de desculpa, eu sei. Mas sei tambem que voce não entenderia essas coisas se eu dissesse pra voce enquanto voce está acordado. Mas amanha eu serei um pai de verdade. Vou ser teu companheiro, e irei sofrer quando voce sofrer e rir quando voce rir. Irei morder minha lingua quando palavras de impaciencia insistirem em sair da minha boca. Vou repetir pra mim mesmo como se tivesse dizendo um mantra: “Ele é apenas um garoto, um pequeno garoto”.

“Eu receio que te olhei como um homem. Mas como posso ver agora, filho, enrolado e fragil na sua caminha, vejo que ainda és um bebê. Ontem, voce estava nos braços da sua mae, sua cabeça no ombro dela. Eu te cobrei demais, demais…”