sexta-feira, outubro 14, 2011

Perigos da comunicação eletrônica



Nos dias de hoje, as pessoas não querem mais fazer uso do telefone ou do contato face a face dentro das organizações. A qualidade da comunicação no mundo dos negócios tem se tornado cada vez mais pobre, uma vez que é crescente o uso de correios eletrônicos com o intuito de aumentar a eficiência da comunicação. Mas o que ocorre é justamente o contrário.
O que vem se notando é que as pessoas não conseguem mais se fazer entender, mesmo quando enviam dezenas de E-mails explicando o mesmo assunto.
Uma conversa ao telefone ou uma visita à mesa do colega ou chefe, resolveria o problema em matéria de minutos. Então porque a boçalidade de achar que só podemos usar o E-mail? Que eficiência é essa? Prosaicamente, basta calcular pra saber se você consegue digitar mais rápido do que fala.
Adicione então à conta, as perguntas que o interlocutor vai fazer pra melhor compreensão da questão. E outras perguntas e respostas que podem surgir.
Até porque, se o sujeito que recebeu o E-mail não responder rápido, o sujeito que mandou pode achar que ele está com má vontade. Mas você fazendo uma visita ao cidadão, poderá constatar se ele está ocupado, ou não. Nesse caso, o telefone também não ajudaria muito.
O problema é que na etiqueta nova do trabalho, as mensagens de texto são menos intrusivas do que o telefone e a visita. Ora, hoje em dia, a visita e o telefone só servem nos casos em que o outro lado não entendeu o problema, quando na verdade, o caminho deveria ser o inverso.
O sujeito faria uma visita, discutiriam o problema e logo depois, mandariam um E-mail fazendo um resumo da conversa que tiveram, para que fique documentado. Aqui usa-se muito isso, as per our conversation.
Sim, pois isto é importante, uma vez que uma correspondência eletrônica vale o mesmo que uma assinatura. O que está escrito ali, vale. Todas as vezes que alguém tem que fazer uma coisa aqui no Canadá, ele pede pro outro, por favor, pode me enviar isso por escrito?
Assim, na minha opinião, a prioridade deveria ser uma visita, ou telefonema caso não possa ir até à mesa do colega, e por fim, um E-mail.  
Os superiores também devem se valer muito dessas visitas. É uma forma de estreitar os laços com os subordinados e mostrarem que eles estão acessíveis. Um funcionário é bem mais propenso a não fazer algo de errado quando não conhecem o superior do que quando trocam palavras com ele de vez em quando. E o mesmo funciona positivamente, quando conhecem o chefe.
Os australianos chamam essa prática dos superiores de passearem de “going walkabout”. Trata-se de uma ferramenta barata que aumenta a eficiência do trabalho de forma considerável.
Tenho uma pequena empresa de prestação de serviços e quando recebo um E-mail desaforado de um cliente, que está insatisfeito com alguma coisa, nunca respondo. Ao invés disso, faço uma visita o quanto antes.
O tom grosseiro ou negativo da mensagem se evapora ao receberem minha visita. Eu pergunto do problema e eles vão logo dizendo que não era bem assim, que não era nada demais e sempre agradecem pela visita.
Com isso aprendi que o problema na prestação de serviços não é errar. O problema é não responder aos erros com rapidez. E tudo isso só se confirma na visita cara a cara. O cliente se sente valorizado, afinal, alguém da empresa foi até lá tratar com ele, ao invés de simplesmente digitar algumas palavras e apertar “send”.
Se perceber que o cliente não está muito ocupado, ainda puxo assunto sobre coisas fora do trabalho. Se der conversa, e a maioria dá, já era, eis um cliente conquistado. E na próxima vez, aquele E-mail chegará de forma bem diferente.
Quando a visita é ao seu funcionário, ele também se sentirá valorizado. Agora, por favor, se quer reclamar de algo, faça reservadamente, chame o funcionário em um canto e converse. Mas se for pra elogio, faça-o na frente de todos.
Nem pra isso um E-mail serve, pois ninguém vai ficar imprimindo E-mail pra mostrar pros outros, se receber elogio. Se for crítica, na maioria das vezes, vai entrar por um olho e sair pelo outro.
Portanto, jamais ignore a comunicação cara a cara. Em 95% dos casos, o resultado vai ser infinitamente superior ao frio E-mail. 

terça-feira, outubro 11, 2011

Humanos, contra ou a favor da terra?

Nesse final de semana, conversando com um canadense pai de uma amiguinha das minhas filhas, descobri que o conceito de conviver com os bichos aqui é tão recente quanto no resto do mundo. Pelo menos em termos de lei. Na época de criança dele, que deve estar no meio da década dos 30, ninguém ligava caso um sujeito desse um tiro num guaxinim que bagunçasse seu quintal todos os dias em procura de comida. 

Hoje em dia, caso alguém pense em fazer isso, e for pego, vai pra cadeia no ato. Assim, vivem de maneira mais civilizada possível com os animais, mesmo sem gostar em muitos casos. Eu mesmo aprendi a conviver melhor com certos bichos, mesmo sem ter amor por nenhum deles. Já até salvei da morte um filhote de guaxinim, que estava preso em uma grande lata de lixo sem conseguir sair de lá. 

Na verdade, a vida humana depende dos outros seres vivos pra se manter no planeta. Não podemos deixar desaparecer espécies de animais e plantas sem serem estudadas e catalogadas antes. Nós, seres humanos, somos apenas um elo da cadeia biológica, e não podemos viver isolados dos animais e vegetais. Hoje muita gente sabe disso, mas nem sempre foi assim. Por milénios, o homem viveu em combate com a natureza e só sobreviveu porque derrotou os perigos do mundo natural. 

Só começamos a parar de destruir o planeta quando do advento das sociedades industriais e das formas globais de destruição da natureza, que nos despertaram para a necessidade de conservar o meio ambiente. Mas não só isso. Ao longo da existência humana no planeta, foi-se firmando em nossos genes uma predisposição hereditária da espécie humana para a convivência pacífica com os demais seres vivos. 

O nosso lado animal não é necessariamente selvagem e predatório. Mesmo tendo produzido grandes catástrofes e extinções de vida em massa na terra, lá dentro, algo nos diz que isso é um erro, que estamos jogando contra o nosso próprio património. 

Fatores sociais e econômicos determinam quando a predisposição de viver em harmonia com a natureza prevalece ou se a agressividade com a natureza predomina na historia humana. No momento, parece que a predisposição de salvar o planeta está predominando, embora ainda estejamos sob o impacto das formidáveis agressões que desencadeamos contra as cadeias de vida do planeta. 

Há um grande bafafá em torno da importância da preservação da Amazônia no mundo todo, o que percebo as vezes irrita até a o pensamento de soberania nacional. Mas na verdade, a preocupação mundial com a floresta Amazônica se dá justamente pela sua fragilidade e não por ela ser o pulmão do mundo, como se diz por ai. 

Em muitos pontos, as matas tropicais ainda estão sendo danificadas de forma tão indecente que mesmo as mais modernas tecnologias de reflorestamento não poderão traze-las de volta à vida. Dezenas de milhares de animais e plantas são extintos sem que tenhamos a chance de estuda-los. E por consequência, sem saber se eles contem ou produzem substancias que poderiam minorar os sofrimentos humanos. Matamos espécies numa velocidade muito maior do que elas podem ser criadas naturalmente. Gastamos o património natural sem que ele possa ser reposto com a mesma intensidade. 

Pra resolver essa equação, precisamos acelerar o nosso lado estudioso e conservacionista e conter o nosso lado destruidor. Conhecer uma espécie é o primeiro passo para sua conservação, pois só conservamos o que amamos e só amamos o que conhecemos e só conhecemos aquilo que nos é ensinado. 

As florestas tropicais são exuberantes apenas na aparência. Na verdade, são desertos úmidos. Possuem uma vasta e complexa cobertura vegetal fincada num solo arenoso, fertilizado apenas por uma delgada capa de material orgânico. Essa capa é mantida por um regime de chuvas acima dos 100 milímetros anuais. Entre todos os ecossistemas do planeta, o deserto úmido é o mais frágil. Ninguém sabe ainda como reconstrui-lo. 

Mas entre mortos e feridos, sobrou uma coisa positiva, que ninguém pode negar que tenha sido bom. Hoje em dia, nenhum projeto vai adiante sem que alguém tenha de esclarecer quais serão os efeitos das obras sobre a natureza. Isso não existia nos meus tempos de criança, nem na ideia do mais bem-intencionado esquerdista. 

Assim, mesmo sendo chato ou dispendioso pra alguns, nenhum projeto é aprovado sem que tenham um aval do órgão público que regula o meio ambiente. Isso é um avanço e tanto no que diz respeito à conservação do meio ambiente. Se eu falasse que existiria um órgão assim quando o meu pai tinha 20 anos de idade, ele iria cair na risada e dizer que se tratava de uma utopia. Não é mais.