segunda-feira, maio 14, 2012

Nascia Moçambique


Moçambique nascia em 25 de junho de 1975, 18 dias depois que eu nasci. Assim eu poderia dizer que somos da mesma idade, com a diferença de poucos dias. Era o quadragésimo terceiro país africano. Moçambique se tornava independente de Portugal e virava uma República Popular. 
Portugal encerrava assim 470 anos de dominação de Moçambique. Isso foi resultado de uma revolta armada iniciada 11 anos antes pela Frelimo, com apenas 250 guerrilheiros do norte do país. No final, a rebelião, de orientação comunista, além de contar com um número muito maior de soldados, tinha apoio da Zâmbia e da Tanzânia também. 

Na época da independência, Moçambique tinha 9 milhões de habitantes. Hoje em dia tem algo em torno de 20 milhões de habitantes. O país tem 800 mil quilômetros quadrados de território, encravados no litoral oriental da Africa austral.

Maputo, que é a capital do país, só recebeu esse nome em 13 de março de 1976. Na época da independência se chamava Lourenço Marques e tinha 500 mil habitantes, e tinha altos e modernos prédios, luas largas e com traçado retilineo, onde os carros trafegavam à mão inglesa.  

O presidente da nova Republica era Samora Machel, que era também o chefão da Frelimo. O maior parceiro comercial de Moçambique era a Africa do Sul. Setenta por cento de todo o movimento do porto da capital de Moçambique dependia das importações ou exportações sul-africanas. A Africa do Sul também empregava 150 mil moçambicanos nas suas minas de ouro. Esses empregados ganhavam uma renda anual de 175 milhões de dólares e traze-los de volta à Moçambique naquele momento não era nada interessante, por isso as relações com a África do Sul tinham que ser levadas nas pontas dos dedos, apesar de nao serem muito amigos.

O novo país já começou com um deficit de 4,5 milhões de dólares e o parque industrial moçambicano estava quase paralisado. Não existiam técnicos capazes de gerir as industrias. Aliás, em todos os setores faltava mão-de-obra. Existiam somente 100 médicos no país pra uma população de 9 milhões de pessoas. E mesmo assim, eles estavam localizados somente nos grandes centros urbanos. Na província de Zambeze, de 1,8 milhões de habitantes, existiam somente 3 médicos.

Noventa por cento da população moçambicana quando da sua criação vivia da agricultura. Alem disso, apenas 5% das terras aráveis do país estavam cultivadas, o que evitava problemas de desapropriação e confusões