terça-feira, junho 29, 2010

99 centavos pra se lascar

Grande parte das coisas que as pessoas gostam, eu não gosto. Doce é um exemplo de coisa que detesto. Pelo menos faz contrapartida com as saladas, que eu também não gosto, mas as pessoas também não gostam e dizem que gostam pra parecerem cool.

Mas, dentre as coisas doces, existe uma exceção, que são os chocolates. Nunca gostei, mas acho que por morar num país de clima frio, o chocolate se transformou num vício que meu organismo pedia, mesmo o cérebro não entendendo. Chega o Outono, lá vem aquela vontade de comer chocolate, é impressionante. Entro num local pra comprar uma revista e lá minha mão procura uma barra de chocolates.

Quando ainda morava no Brasil não tinha esse costume. Mas comecei com os amargos, pra não ir muito com sede ao pote. Até que descobri os chocolates da Ferrero, e aí fudeu tudo. A mistura de chocolate com avelã é a coisa mais gostosa que existe em termos de chocolates. O Ferrero Rocher, por exemplo, é a melhor coisa do mundo. Sem falar na pasta Nutella, também da Ferrero.

Como eu nunca havia visto isso antes? A pasta de cacau e avelãs foi criada em 1946, na Itália, por Pietro Ferrero e ficou até começo dos anos 2000 desconhecida pra mim. No inicio, essa pasta ficou conhecida como Giandula e somente em 1964 que viraria a Nutella.

A Ferrero chegou ao Brasil em 1994, seis anos antes de eu me picar de lá e eu nem havia tomado conhecimento. Mas era o mesmo que chegasse uma fábrica de absorventes, isto é, um produto que eu não consumo. O primeiro produto foi o Kinder Ovo e um ano depois, o maravilhoso Ferrero Rocher. Aqui no Canadá, custa 99 centavos por um pacote com três unidades de Ferrero Rocher. É pra se lascar mesmo.

domingo, junho 13, 2010

Vale a pena ler 28: O senhor guerra fria

O século XX foi um século trágico. Tivemos duas grandes guerras que sacrificaram a maior e a melhor parte da juventude dos ingleses, franceses, alemães, russos e, num grau menor, americanos. Esses povos não tinham capital melhor do que o representado por seus jovens, capital perdido em batalhas. A I Guerra Mundial foi ainda pior. Um de seus produtos, a Revolução Bolchevique, envenenou as relações entre o povo russo e o Ocidente por mais de setenta anos. A Europa teve perdas enormes e ainda hoje se ressente disso. Nesse sentido, a América Latina é o mais feliz dos continentes porque evitou envolver-se de modo profundo nos conflitos globais. Não sofreu as grandes distorções trazidas pelas duas guerras mundiais.

Os americanos demonstram o mais completo desconhecimento sobre a América Latina e nós só podemos ter esperança de que um dia a diplomacia americana se recupere e comece a olhar seriamente para a América Latina. Poucas pessoas fazem isso neste país. Um dos grandes problemas da política externa dos Estados Unidos é que, em grande parte, ela é conduzida ao sabor de considerações domésticas. Obviamente isso confunde os outros. Há muitos anos não temos um presidente com força bastante para dar um basta nessa situação. Tem muita gente opinando sobre política externa em Washington, quando ela deve ser privativa do presidente e do secretário de Estado.

A relação entre os países resume-se à questão comercial. Mas essa é uma questão enganosa, não importa a ênfase que se dê a ela atualmente. Acredito que basicamente os valores psicológicos e políticos sejam os que realmente contam. Não há por que ficarmos impondo condições e exigências aos países da América Latina, por exemplo.

Deveríamos fazer alianças, mas somos péssimos em alianças. Praticamente só temos duas. Uma com o Japão e outra com a Otan. Nada mais. Nem com Israel conseguimos estabelecer um acordo amplo de cooperação mútua. Nossos envolvimentos na Ásia, África, América Central e no Extremo Oriente são arranjos de ocasião. Não sou um especialista em América Latina, mas sempre digo ao nosso pessoal em Washington: "Tratem esses países com cortesia, com respeito, sempre. Não esperem muito deles no curto prazo. Façamos negócio quando eles quiserem negociar e seja proveitoso também para nós. Deixem que eles se desenvolvam da maneira deles". De modo geral, acho que a melhor maneira de um grande país ajudar os menores é pela força do exemplo. Temos de diminuir a estridência da nossa voz. Na questão ambiental, e mesmo em democracia e direitos humanos, nós temos muitas falhas para ficar bancando a palmatória do mundo.

Parece-me que o melhor que podemos fazer com relação a questão do islamismo é ter cautela. Quando o fundamentalismo tomar o poder num país, como fez no Irã e no norte da África, então deveríamos fazer alguma coisa. A coisa a fazer é manter a dignidade. Deveríamos deixar uma pequena representação diplomática mas não embaixadores nesses países. Nossa posição deveria ser esta: "Olhem aqui. Não temos poder sobre seu país. Governem da maneira que quiserem. Nada faremos contra vocês, mas também não esperem nossa ajuda". Estou-me tornando cada dia mais isolacionista, no sentido de que não quero nossa diplomacia tentando resolver problemas que ela não entende. A questão central de nosso envolvimento em outro país deve ser a coerência de princípios. Ou agimos com base em princípios que justifiquem todas as demais intervenções ou então é melhor não intervir.

Mas a política externa de Washington contraria frontalmente tudo o que disse no parágrafo anterior. Washington precisa de uma faxina. Continuamos dizendo às pessoas como elas devem governar seus países. É um erro gigantesco. Deveríamos economizar a energia que gastamos dando lições aos outros países e empregá-la na melhoria de nossa própria democracia. Chega de dizer aos outros como devem governar seu próprio povo. Isso não é correto, pois quem vai aguentar o resultado da aplicação dos nossos conselhos são os outros e não nós. Sou de uma escola diplomática que acredita firmemente em tratar os outros com cortesia e polidez mas não com muita intimidade. Não é o que os Estados Unidos vêm fazendo. Nossa diplomacia criou muitos dependentes. Quando Madeleine Albright era secretária de Estado, se enfureceu com o impasse nas negociações e disse a israelenses e palestinos que nós os deixaríamos à própria sorte, eles ficaram chocados. Ora, fomos nós que criamos neles a ilusão de que somos responsáveis pela sua segurança interna. Por mais fraco que se sinta, um país não pode confiar sua segurança interna a outro.

Para mim a palavra globalização não significa nada. No sentido comercial e financeiro hoje há comunicações mais eficientes entre países do que em outros tempos. No campo político ainda estamos longe disso. Graças a Deus. É uma boa política temer qualquer tipo de arranjo que se pretenda global. Sou a favor dos arranjos regionais, porque são os que realmente funcionam. Portanto, não vejo nada de novo que justifique o uso e abuso de palavras pomposas para descrever a presente situação internacional.

O mundo continua grande e complicado. Não acho que os conflitos possam ser enquadrados num único esquema global capaz de ordená-los. Também não sinto que os Estados Unidos estejam preparados para lidar com essa nova situação. Obviamente, temos dois grandes interesses globais. Um é a crise ambiental, incluindo-se nela a superpopulação, a urbanização e a exaustão dos recursos naturais. O segundo é o controle das armas nucleares e as de destruição de massa. Nosso objetivo deve ser a abolição total desses arsenais. Haveria um terceiro, que é uma questão interna mas diz respeito ao mundo todo, dado o nosso poderio. Essa questão é o aprimoramento de nossas deficiências como civilização, é a manutenção de uma sociedade capaz de inspirar o mundo.

O perigo de uma guerra mundial hoje está totalmente descartado. Não existe base para a eclosão de uma guerra abrangente, continental ou mundial. Não existe mais a possibilidade de que duas nações industrializadas façam a guerra entre si. As guerras deitam raízes profundas e amargas. Além disso, o grau de desenvolvimento das armas, não apenas as dos Estados Unidos e da Rússia, mas as de qualquer nação industrializada, faria da guerra um suicídio simultâneo. Mesmo sem o uso de armas atômicas. Paremos de pensar nesses termos. Paremos de pensar em termos militares.

Os militaristas causaram danos sérios a este país. Eles construíram a imagem da União Soviética como um inimigo grande e terrivelmente poderoso. O resultado prático mais absurdo dessa noção foi que montamos um arsenal de 200.000 armas e ogivas nucleares nas mãos. Santo Deus! Um décimo disso provavelmente seria bastante para tornar a vida impossível em vastas regiões do planeta. Tudo produto dos exageros dos militares.

Eu diria que não houve nada de ideológico no sistema soviético. O comunismo não é um ideário tão poderoso quanto parece. Ideologia não constrói regimes. As pessoas o fazem. As situações também. O regime soviético foi construído por ambos. O regime soviético e a Guerra Fria foram, na verdade, produtos das duas grandes guerras mundiais. Houve um período durante a II Guerra Mundial em que nem a França, a Inglaterra e nós, em conjunto, seríamos militarmente capazes de derrotar Hitler. Dependíamos visceralmente dos soviéticos. As tropas deles absorveram 85% dos ataques alemães por terra.

Tivemos a chance de derrotar Hitler sozinhos em 1938, mas não o fizemos. Hitler conseguiu montar uma formidável máquina de guerra entre 1939 e 1940. Um ano antes, quando ele pressionou a Checoslováquia, se todas as potências ocidentais tivessem reagido, é provável que o Estado-Maior alemão destituísse Hitler. Se isso tivesse acontecido, a Alemanha certamente teria sido um país diferente. Mas não aconteceu. Hitler teve o tempo e os recursos suficientes para desenvolver seu poderio bélico a tal ponto que os aliados não o poderiam enfrentar sem a ajuda dos soviéticos. O resultado disso foi que brotou entre nós uma relação confusa com os soviéticos, de quem fomos, então, completamente dependentes. Dizia-se toda sorte de tolices sobre a nobreza do aliado soviético. As pessoas se esqueciam de que esse aliado fora o mesmo que cooperara com Hitler até bem pouco tempo antes e que tentou fazer a paz em separado com ele. Como funcionário do governo americano em Moscou, era meu dever alertar Washington sobre a realidade soviética e seus objetivos imediatos, daí a origem do chamado Longo Telegrama e, mais tarde, do artigo na revista Foreign Affairs assinado simplesmente com um X.

Escrevi dois documentos que são considerados influentes e altamente citados na história contemporânea dos Estados Unidos (o longo telegrama e o artigo X) e muitas vezes sou ouvido, mas nem sempre. Outras vezes, interpretaram mal meus pontos de vista. A tese de que deveríamos confrontar os russos sempre que fosse necessário transformou-se numa corrida às armas, na constatação equivocada de que, se não era possível cooperar com eles, a única saída seria fazer uma guerra contra eles. O medo de que os russos atacassem a Europa foi tremendamente exagerado. Suas tropas estavam exaustas ao final da II Guerra, o país estava destruído. Eles não estavam em posição de começar uma nova guerra.

Se eu escrevesse o Longo Telegrama hoje, eu diria que a Rússia vai ter um regime mais democrático, mas que não será uma cópia do sistema americano. Diria que em 1910 havia mais gente na Rússia capaz de entender o que é uma democracia do que atualmente. Que os danos ao país pelas guerras e pelo comunismo não foram infringidos em um dia e seus efeitos não vão ser removidos em um dia.

Ieltsin era boa pessoa. Pelo menos não era corrupto. Mas começou a entender que a maioria das pessoas em torno dele eram. Por mais estranho que pareça, o problema da Rússia derivava do fato de que a queda do comunismo foi muito rápida. Se tivesse sido gradual, provavelmente as poderosas empresas estatais soviéticas teriam tido tempo de aprender como se ganha dinheiro no capitalismo. Como não tiveram, antes que o fim chegasse, os burocratas trataram de salvar a pele e mandaram bilhões de dólares para o exterior. Foi uma pilhagem. Gorbachev tentou fazer a mudança de forma gradual, mas Ieltsin precipitou tudo. Para se livrar de Gorbachev, ele desmantelou a União Soviética por decreto.

* Por George Kennan, diplomata americano, cientista político, historiador, nascido em 1904 e falecido em 2005, foi uma figura importantissima na criação da guerra fria.

terça-feira, junho 08, 2010

A língua do vinho

Existe diferença entre degustar vinho e sempre beber vinhos que você gosta. Essa diferença é que degustar é colocar gosto nas palavras. Não teríamos que nos preocupar com esse detalhe se pudéssemos escolher vinho como quem escolhe queijo na padaria. Pedindo um pedaço pra provar. Deixe-me testar outro, não gostei desse.

“Gostar/não gostar” não precisa do cérebro quando se tem o vinho na sua boca. Mas na maioria das vezes você tem que comprar o vinho sem testar antes. Assim, a não ser que você queira beber o mesmo vinho pelo resto da sua vida, você tem que decidir o que você gosta e o que você não gosta num vinho e comunicar isso a outra pessoa, que pode lhe direcionar pra um vinho que você goste.

Então temos dois problemas. Primeiro, encontrar as palavras para descrever o que você gosta ou o que você não gosta e fazer a outra pessoa entender o que você quer dizer. Naturalmente, isso ajuda se nós falarmos a mesma língua.

Infelizmente, a língua do vinho é um dialeto com um vocabulário indisciplinado e poético, cujas definições mudam todo o tempo, dependendo de quem está falando.
É sabido que os gostos do vinho se revelam sequencialmente, acompanhando o trabalho de reconhecimento da língua e o registro desses gostos no seu cérebro. É recomendado que você siga essa sequência quando se trata de colocar palavras no que você está degustando.

No que se refere a doçura, assim que você colocar o vinho na sua boca, você detecta a doçura ou a ausência dela. Na língua do vinho, “seco” é o oposto de “doce”. No inglês, dry/sweet. Classifique o vinho como doce, seco ou semi-seco (dry/sweet/off-dry).

No que se refere a acidez, todos os vinhos contem uma certa acidez, mas alguns vinhos são mais ácidos do que outros. Acidez é mais um fator de sabor nos vinhos brancos do que nos tintos. Para um vinho branco, a acidez é a espinha cervical do gosto do vinho, pois dá ao vinho uma firmeza na boca. Vinhos com uma quantidade grande de acidez são conhecidos como crispy, e os com pouca quantidade são conhecidos como flabby. Você geralmente percebe a acidez no meio da sua boca. O que os entendedores de vinhos chamam de mid-palate.

No que se refere a ser muito tânico, os vinhos tintos são bem mais tânicos do que os brancos, por causa do maior contato com as cascas da uva. Barris de carvalho também contribuem pro nível de taninos no vinho. Pra generalizar um pouco, os taninos são pros vinhos tintos o que a acidez é pros vinhos brancos: a espinha dorsal.

Os taninos separados podem ser amargos, mas alguns taninos nos vinhos são menos amargos do que outros. Também, outros elementos do vinho como a doçura pode mascarar a percepção de amargura. Você sente o tanino como amargo, ou firmeza, ou riqueza de textura, principalmente na parte de trás da sua boca e se a quantidade de tanino no vinho for alta, você sentirá também na parte interior da sua bochecha e na sua gengiva. Dependendo da quantidade e da natureza dos taninos, você pode descrever o vinho tinto como sendo firme ou suave.

Com relação ao corpo, o corpo do vinho é uma impressão que você tira do vinho inteiro, e não de um básico sabor registrado na sua língua. É a impressão do peso e do tamanho do vinho na sua boca, que é geralmente atribuído a quantidade de álcool do vinho.

Se diz impressão porque 5 ml de vinho na sua boca vai ocupar exatamente o mesmo espaço na sua boca e terá o mesmo peso do que qualquer outro vinho. Mas alguns vinhos parecem ser mais cheios, maiores ou mais pesado na sua boca do que outros. Pense na sensação de encherem sua boca e no peso quando você estiver saboreando. Imagine que sua língua é uma balança bem pequena e julgue quanto pesa o vinho que está lá. Classifique o vinho como encorpado, médio-encorpado e leve-encorpado (full-bodied, medium-bodied e light-bodied).

domingo, junho 06, 2010

Fatos para serem lembrados 4: A morte da princesa Diana

Morria aos 36 anos de idade, em um acidente de carro, a princesa Diana. Conhecida como A Princesa do Povo, a sua morte causou comoção no mundo inteiro. O seu ex-marido, o Principe Charles que foi buscar o corpo dela num quarto de hospital de Paris, onde o acidente ocorreu.

A Mercedes-benz S280 que ela vinha se espatifou a quase 200 kilometros por hora num pilar de um túnel paralelo ao rio Sena. Morreram também o namorado dela, o milionário egípcio Dodi Al Fayed e o motorista. Os paparazzi foram acusados de provocar a velocidade do carro, pra poderem fugir dos seus flashes. Disseram ainda que não prestaram socorro aos acidentados, e em vez disso, ficaram tirando fotos. Nos muros de Paris, os muros estavam escritos: “Paparazzis assassinos!”

Também foi incluído na lista de culpados o hotel Ritz-Carlton, do pai de Dodi Al Fayed, onde eles estavam hospedados. Isso se deu porque o carro estava sendo guiado pelo segundo homem da segurança do hotel, Henri Paul. Esse homem que vinha dirigindo o carro, e que morreu na hora, havia ingerido o equivalente a sete doses de whisky. O esquema de segurança adotado pelo próprio Dody Al Fayed falhou. Segundo contam os especialistas, um motorista só acelera acima dos 100 km/h se o patrão expressamente mandar e alem do que, se o patrão percebe que o sujeito está alcoolizado, como permitir que ele dirija?

Dodi e Diana iriam jantar no restaurante Benoit, mas em vez disso, comem na suite presidencial do próprio hotel. Então decidem passar a noite na casa de Dodi, em vez de ficarem no hotel. Três carros esperavam pelo casal: uma Mercedes S600, um Land Rover e a S280, que eles acabaram indo nela. O outro Mercedes e o Land Rover serviram como despiste. A S280 era alugada e não possuía airbags nas portas e nem o sistema eletrônico de estabilidade, ETS, que é uma espécie de computador de bordo que corrige a trajetória do carro quando o motorista entra muito veloz nas curvas.

Como tentavam despistar os paparazzi, o motorista que normalmente dirigia o casal saiu dirigindo um dos carros vazios. Então Diana e Dodi ficaram pra ir com Henri Paul, de 41 anos, solteiro, piloto diplomado pela Mercedes-Benz num curso de direção defensiva e de transporte de executivos. Ele trabalhava pros Fayed fazia 10 anos. Henri Paul já estava de folga e desceu parte da garrafa de whisky, quando foi chamado de volta à se apresentar ao trabalho. Ele tinha 1,87 grama de álcool por litro de sangue, quatro vezes o que era permitido pela lei francesa.

Um segurança sobreviveu ao acidente, e parece que era somente ele quem vinha usando o cinto de segurança. Como os airbags foram acionados no primeiro choque lateral com a parede do túnel, quando o Mercedes bateu de frente no pilar, não havia mais proteção alguma para os passageiros. Henri Paul havia entrado a mais de 180 kilometros por hora no túnel L’Alma.

Uma rede de televisão francesa pediu ao ex-piloto de fórmula 1 Jean Pierre Beltoise, que corria na época de Emerson Fitipaldi, pra refazer o trajeto e Beltoise disse: só um piloto profissional, com carro de competição e conhecendo a pista, poderia sair ileso do túnel de L'Alma a mais de 180 kilometros por hora.

O primeiro socorro foi feito por um médico que passava por acaso no túnel. Ela ainda estava viva, mas gesticulava caoticamente e balbuciava coisas sem sentido, segundo ele contou depois. Ele não sabia que aquela moça era a Princesa Diana. Então aplicou uma mascara de oxigênio e corrigiu a posição do pescoço, que estava caído sobre o ombro direito, dificultando a respiração. Os bombeiros quando chegaram, levaram uma hora e quinze minutos pra cortar as ferragens e liberar a princesa, que ficou com a perna esquerda presa sob os destroços do banco e do painel do carro, que foram parar no banco de trás.

Enquanto os bombeiros trabalhavam, os médicos deram sedativos e aplicaram massagens cardíacas, pois o pulso dela sumiu duas vezes. Quando ela chegou no hospital, o pulmão esquerdo se encheu de líquido e a cavidade torácica ficou encharcada de sangue em razão do rompimento da veia pulmonar esquerda. A situação era muito grave. Sem sangue pra alimentar o músculo cardíaco, o coração de Diana estava morrendo, exatamente como acontece num ataque cardíaco, quando as coronárias entopem.

O coração parou e não reagia a impulsos elétricos ou drogas de revitalização injetáveis. O peito dela foi aberto num procedimento de urgência e a intervenção estancou a hemorragia da veia pulmonar, o que permitiu ao cirurgião massagear o coração da princesa com as próprias mãos, mas foi inútil. O ventrículo esquerdo estava muito danificado e ela faleceu pouco tempo antes do dia raiar.

quinta-feira, junho 03, 2010

Assalto com calibre .38

Uma das maiores escrotagens que se tem notícia no Brasil nos últimos anos foi a chamada CPMF, que vem uma contribuição provisória sobre movimentações financeiras. O próprio nome já é uma sacanagem: contribuição? Contribuição um cacete. No meu entender, quando uma pessoa contribui com alguma coisa, ela tá fazendo de bom grado e não de forma compulsória.

Já pensou a seguinte cena: o ladrão chega pra tu (no caso o governo) com um 38 engatilhado e diz “malandro, contribui aí com mil reais”. No caso aqui, o 38 nego nem via, era um 38 invisível, que puxava o que? O que? Exatamente 0,38% sobre quase todas as movimentações bancárias de todos os brasileiros. Será que esse 0,38 é uma piada/alusão com a arma tão famosa?

Sim, mas a outra parte da sacanagem do nome é o provisório. Provisório? Também, ninguém leu o dicionário pra achar o significado de provisório. Tu imagina ai um parente que diz que está reformando a casa e quer ficar provisoriamente hospedado na sua casa pra economizar dinheiro caso tivesse que gastar com um novo aluguel. Nessa brincadeira, ele passa 10 anos ancorado por lá. E só saiu porque foi botado pra fora e saiu puto da vida. Então, é mais ou menos assim a historia da CPMF. E ainda se dizia provisória.

Essa esculhambação começou em 1993, ainda no governo Itamar Franco, mas só entrou em vigor em 1994, com o nome de IPMF. Cobrava aliquota de 0,25% e foi extinto no final de 1994, como havia sido previsto. E respeitando o caráter provisório.

Mas em 1997, voltou a vigorar com o nome já de CPMF e cobrando singelos 0,20%. Inicialmente, esse dinheiro ia somente pra saúde, como se os outros impostos já pagos pelos brasileiros não fossem suficientes. Em 1999, a CPMF foi prorrogada até 2002, agora com aliquota do ladrão, ou seja, 0,38%, pois agora também era destinada à Previdência Social. E os hospitais continuavam caindo aos pedaços.

Em 2001, teve uma pequena queda pra 0,30%, mas em 2 meses, voltou ao famoso calibre 0,38. Só deixou de existir como CPMF em final de 2007, quando o PT, puto da vida, perdeu em votação no Legislativo e não teve como usa-la mais. Mas engraçado, justamente o PT, essa cambada de filhos da puta que viviam reclamando de FHC usando a CPMF? Ficaram tão putos quando tiraram o direito deles de usarem?

Agora vejam que beleza. Uma empresa A usa os serviços de uma empresa B e paga 100 reais por esse serviço. Ao realizar esse pagamento, a empresa A paga 0,38 pro governo. A empresa B agora tem 100 reais na sua conta, e vai pagar 100 reais ao funcionário Zezé como salário e paga também os 0,38.

Zezé vai ao supermercado e usa um cheque pra pagar sua conta, afinal, se andar com o dinheiro dando sopa, o ladrão da rua rouba tudo. Melhor ser roubado pelo ladrão governo, que leva somente 0,38. Então o supermercado quando movimentar esses 100 reais, pagará outros 0,38. Então não é mais 0,38 que foram pagos sobre os cem reais e sim 1,52.

As três empresas em questão tem como se defender, pois alocam o preço desse imposto no produto final. E Zezé, como se protege? Zezé entrou pelo cano mais uma vez, como entram todos as pessoas físicas nesse Brasil de Marias e Clarisses.