segunda-feira, dezembro 06, 2010

A história de Roy Miller

Dando continuidade ao post "The Wealthy Barber", se faz necessário conhecer a história de Roy Miller, o barbeiro, pra entender o que aconteceu na sua vida e como ele se tornou o barbeiro rico. Roy era um cara atlético na sua juventude, brilhante, engraçado, enfim, um garoto comum que fazia o segundo grau. O sonho dele era se tornar um advogado e tinha planos de entrar na Western University, em London, Ontário. E finalmente ele começou o curso de Direito. Roy era muito ocupado. Estudava, jogava Basquete e tinha uma namorada.

No segundo ano de universidade, Roy recebeu a notícia de que seu pai havia morrido de um ataque do coração. Na tarde seguinte, ele trancou a matrícula na Universidade e voltou pra Sarnia. O pai dele, por ter um histórico de problemas no coração, somente trabalhou numa refinaria por dez anos e depois aprendeu a ser barbeiro e abriu a sua barbearia pouco tempo depois de ter parado de trabalhar na refinaria. A mãe de Roy trabalhava como empregada durante o dia e garçonete durante a noite. Os dois juntos conseguiam manter os filhos.

Roy então voltou pra casa pra ajudar a mãe, pois ele sabia que ela não poderia cuidar dela mesmo e da irmã mais nova de Roy somente com o dinheiro que ela fazia. O pai de Roy não recebeu quase nada de seguro de vida. Roy havia aprendido o ofício do pai, pois tinha sido treinado pelo pai no tempo em que fazia ainda o segundo grau.

O plano de Roy era simples. Ele voltaria pra casa, ajudaria a mãe trabalhando como barbeiro até que a sua irmã Ellen completasse o college. Depois ele iria vender o salão e terminar a universidade. Como Ellen ainda estava na grade 11, o tempo que ele esperava que isso acontecesse era de mais ou menos 6 anos.

O negócio foi que Roy teve um grande sucesso na sua barbearia, inventando inclusive um caminhão-barbearia, que lhe deu muito dinheiro. Ele gostou de ser barbeiro, de lidar com as pessoas e desistiu de se tornar advogado. Mas mesmo com o sucesso do negócio, Roy não passava disso. Tinha dinheiro pra viver, mas não conseguia sair da lama, financeiramente falando.

Então quando tinha 23 anos de idade, Roy foi visitar o homem mais rico da cidade chamado Maurice White. Como o senhor White sempre admirou Roy pela sua vontade de lutar pela sua família, o senhor White concordou em ensinar uns truques sobre finanças pro Roy.

Essa conversa que Roy teve com o senhor White mudou a vida dele. A partir daquele dia, o barbeiro que não tinha nada, começou a acumular uma linda casa na beira do lago que foi quitada, um imenso portfolio de investimento, um prédio de escritórios e um fundo de aposentadoria todo pago e planejado. Tudo isso com ganhos de um salão de barbearia.

Lógico que Roy continuou a estudar sobre investimentos, mas aquela conversa com o senhor White foi o catalisador de tudo.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Vale a pena ler 34: o filho mais velho de Chateubriand

Meu santo pai era um devorador de família. Ele tinha uma mania persecutória contra os três filhos, eu, Fernando e Teresa, e até contra o sobrinho Freddy, que nos anos 50 era o seu delfim. Fomos criados como escravos, que tinham de implorar a mesada da mãe. Até os 18 anos, na minha certidão de nascimento, eu era filho de pai desconhecido. Quando namorava minha mãe, a francesa Jeanne Marguerite, meu pai a engravidou, prometeu casamento, mas acabou se casando com a Maria Henriqueta Barrozo do Amaral, mãe do Fernando. Chateaubriand só me reconheceu à força, porque se não o fizesse eu teria de ir lutar na II Guerra, como cidadão francês. Nunca tive ilusão quanto ao Chateaubriand.

Arte é o meu lenitivo. Minha coleção tem 4.300 peças, das quais 3.400 já estão de posse do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, para quem deixarei o acervo. Para mim, a coleção é um programa de vida. Comecei a comprar em 1952, quando conheci o pintor Pancetti, que me presenteou com meu primeiro quadro. Eu me tornei um viciado, e do Pancetti fui pulando para os outros pintores mais salientes da época, a Djanira, o Antônio Bandeira, o Milton Dacosta. Comprei uns Guignard muito bons. Tudo com o meu salário de jovem diplomata, em suadas prestações.

Só fui convidado pra coroação da rainha Elizabeth II em 1953 porque o governo brasileiro achava que o meu pai, Assis Chateaubriand, que era membro da comitiva, precisava de "apoio lingüístico". Acabei levando, costurados no forro do sobretudo, o colar e o par de brincos com que o Getúlio presentearia a rainha. A jóia pesava 300 gramas, com dez águas-marinhas de 120 quilates e 647 brilhantes. Como tínhamos medo de despachar o colar na bagagem, pedi a minha avó para costurar a jóia, feita pela Mappin & Webb. No meio do vôo para Londres, logo começou uma conversa que se tornou azeda entre o líder da delegação, o marechal Mascarenhas de Morais, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e o Chateaubriand.

O Mascarenhas queria trasladar os ossos dos pracinhas mortos durante a II Guerra da Itália para o Brasil. O Chateaubriand dizia que era uma asneira, que era preciso manter a presença do Brasil no mundo, "na luta pela liberdade e salvação do mundo das garras dos nazistas". A coisa terminou em bate-boca. O marechal me pediu para ver o colar no avião, e o Chateaubriand me proibiu de mostrar. Já em Londres, o Mascarenhas deu um banquete às autoridades inglesas e diplomatas brasileiros. No almoço, chegou um garçom dizendo que queriam falar comigo. Era o Chateaubriand, que não foi ao almoço para chatear o marechal e foi lá me chamar. Fui e ele começou a gritar: "Não fique entre os imbecis, que seu pai está com fome!" Voltei ao marechal, que era um santo, e ele me disse: "Vai com ele, meu filho". Até hoje tenho a cadeira oficial da coroação, na qual o Chateaubriand se sentou na Catedral de Westminster.

Na recepção do Palácio Saint James, o Chateaubriand escondeu o fotógrafo Glauco Carneiro no porta-malas do Rolls-Royce e levou também a dona Aimée de Heeren, sua namorada, que não tinha convite para a recepção. Quando o arauto perguntou pelo convite dela, o Chateaubriand começou a gritar: "She forgot, she forgot!" ("Ela esqueceu, ela esqueceu!")

A batalha jurídica em torno dos Diários Associados é uma história para 100 anos. As Mil e Uma Noites são um opúsculo perto disso. A situação é tétrica. Quero reaver meus direitos patrimoniais. A única fonte razoável de dividendos dos Associados é o Estado de Minas, o maior diário de Belo Horizonte. O Jornal do Commercio, no Rio, que estava nas mãos do Paulo Cabral de Araújo, que era o presidente do Condomínio dos Diários Associados, não rendia um tostão. E o Correio Braziliense não distribuía dividendos. O condomínio sangrava as empresas rentáveis a pretexto de fazer empréstimos àquelas em dificuldades. Não desisto. É preciso acabar com essa balela cínica e farisaica do Paulo Cabral, de que quero acabar com a obra do meu pai. Quero o reconhecimento dos meus direitos patrimoniais e sucessórios. Só os vermes não se defendem. Não sou verme. Em 1962 eram 76 empresas associadas. Depois, quantas ficaram?

Tudo começou em 1960, quando Chateaubriand estava brigado com os três filhos. Ele resolveu transformar os Diários e Emissoras Associados num condomínio, doando 49% do controle acionário a 22 de seus empregados. No final dos anos 1990, os filhos tinham apenas entre 10% e 17% do controle acionário das empresas. Mesmo arruinados, os Associados ainda eram um dos dez maiores grupos de comunicação do país. O condomínio ganhou uma ação contra o governo federal. Foram 221 milhões de reais. É capaz desse dinheiro já ter virado fumaça.

Depois de sofrer um derrame em 1962, o Chateaubriand não falava nem escrevia e perdeu o controle dos Associados. Ele dizia sim a quem aparecia primeiro e emprenhava o ouvido dele. Em 1960 havia três grandes feudos nos Associados. O primeiro era o da revista O Cruzeiro, dominado pelo Leão Gondim de Oliveira, que era primo de meu pai. Já as empresas de São Paulo estavam com o Edmundo Monteiro. E todo o resto com o João Calmon, outro nome de confiança de Chateaubriand, um senador biônico, mais um de meus inimigos. Nessa época, retornei de Paris, onde servia na Unesco, para presidir o Correio Braziliense a pedido do Chateaubriand. Mas quando discordei da venda dos Laboratórios Schering, o filé mignon dos Associados, fui destituído.

Houve uma reunião do condomínio em 1962, que acabou em pancadaria. Soube que o Leão Gondim ia com o Bram, seu guarda-costas, um alemão enorme. Eles iam armados. Eu tinha um grande amigo, o ex-presidente do Banco do Brasil Carlos Cardoso, tio do presidente Fernando Henrique Cardoso, que me considerava como filho e foi comigo. Ele me deu um revólver e foi com outro. Na reunião, fui tomado de surpresa com a leitura de meu processo de expulsão do condomínio. Quando acabou a leitura, o Leão Gondim disse: "É bom mesmo a gente se livrar dessa libélula!" Eu respondi que libélula era a mãe dele, e aí o tempo fechou. Ele, que era nordestino, puxou o cinto para me bater. Peguei uma cadeira e investi contra ele. Fui apanhado pelo Bram, que dizia: "Vai embora, doutor, eu não quero bater no senhor". A reunião acabou assim. Não ousaram me expulsar do condomínio.

O Abaporu, da Tarsila do Amaral, que pertence ao argentino Eduardo Costantini, não comprei porque não tive dinheiro. Acho que não vale a pena ficar chorando sobre o leite derramado. A presença desse quadro numa coleção privada estrangeira faz lembrar que existe cultura brasileira de qualidade. É um pouco como o cemitério com os ossos dos pracinhas brasileiros do cemitério italiano de Pistóia. Está lá a presença brasileira. Outra coisa que perdi por não ter dinheiro foi já nos anos 60, o pintor Carlos Scliar me levou à casa que tinha pertencido a Mário de Andrade na Barra Funda, onde estava a irmã dele. Por 15.000 contos, na época, ela queria vender todo o recheio de obras de arte do Mário. Havia várias Tarsila na coleção, além de pinturas do francês André Lhote, que tinha sido professor da Tarsila na França. A Universidade de São Paulo acabou comprando o acervo. Outra perda mais triste é que eu tinha ficado amigo da Tarsila e, quando estava começando a ficar íntimo dela, ela teve de fazer uma operação na coluna e ficou aleijada, passou os dois últimos anos na cama. Uma vez por mês eu a visitava no apartamento em Higienópolis. Um dia, ela tinha mandado colocar todos os seus quadros num quarto contíguo ao dela. Aí eu disse para ela: olhe, Tarsila, você não prefere deixar em ativos financeiros? Ela respondeu que podia ser uma boa idéia. Aí chegou lá o marchand Baccaro e comprou tudo.

A arte brasileira tem preços menores que os da arte mexicana em função da vizinhança geográfica do México em relação ao mercado americano e, sobretudo, por causa de um muito bem-sucedido movimento especulativo em torno da pintura mexicana, que mantém os preços da Frida Kahlo lá no alto. Os mexicanos sabem se vender muito bem.

Só recebi do meu pai a primeira parte da herança em 1972, quando fiz um acordo com a minha meia-irmã Teresa. Ela, que tinha feito as pazes com o Chateaubriand, vendendo a alma ao diabo, havia ganho uma fábula de adiantamento. Teresa levou um apartamento na Paula Freitas, a Casa Amarela do Chateaubriand em São Paulo, um terreno de 5.000 metros quadrados, as pratarias e todos os Portinari do Chateaubriand. O Fernando se rendeu um ano depois. Fiquei com um apartamento em Petrópolis, um terreno no Rio que depois a Light desapropriou, a fazenda que eu tenho em São Paulo e um terreno em São Paulo que é um mico.

Levei dez anos apanhando, mas aprendi a ser fazendeiro. Quando peguei a fazenda, há 25 anos, ela produzia café e algodão, não era mecanizada e estava falida, na mão de um capataz ladrão. Depois estava com 60.000 pés de laranja, cana e abacate numa área de 350 alqueires paulistas, em Porto Ferreira.

No caso da coleção do MASP, criado por meu pai, dizem que obtida através da pressão dele sobre empresários e banqueiros. Mas, honra seja feita à memória do meu pai. Ele, como homem de visão e de mundo, coisa que não era uma característica do presidente Eurico Gaspar Dutra, tentou convencê-lo por todos os meios e modos a usar parte do superávit brasileiro ao final da II Guerra para comprar obras de arte. Era a grande oportunidade de o Brasil ter um grande museu. Mas o Dutra fez ouvidos moucos. O Chateaubriand foi em frente e começou a comprar adoidado, de uma maneira um pouco apedagógica. A maneira que o Chateaubriand usou foi a chantagem. Ou o figurão dava o quadro ou ele ia sofrer uma campanha contrária dos Diários Associados. Acontece que o rico brasileiro não tem a cultura do mecenato.

Eu comecei a minha coleção do zero e com pouco dinheiro. Que conselhos eu daria pra um colecionar iniciante? Eu compraria arte contemporânea. Se a pessoa considerar arte como um programa de vida, ela tem de estar preparada para um exercício diário de paciência. Em primeiro lugar, compraria contemporâneos por causa da possibilidade de abarcar um número maior de obras. E, depois, pela valorização que essas obras podem vir a ter, não amanhã ou depois, mas daqui a cinco ou dez anos. Aconselho também que o colecionador só compre realmente aquilo de que ele goste.

A arte é um bom negocio desde que se tenha paciência e sorte. Uma das pérolas da minha coleção, a tela Urutu, de Tarsila, comprei em 1961 em São Paulo. Ela estava jogada no fundo de um armário, num estado lamentável, na galeria da dona Carlota dos Santos, milagreira da restauração na época. O quadro voltou como se tivesse saído do ateliê da Tarsila naquele momento. Paguei 300.000 réis, em cinco vezes. O mesmo acontece com a geração pop brasileira. O Antônio Dias e o Gerchman não alcançaram as cotações que têm hoje do dia para a noite. Eles esperaram quarenta anos. Outros artistas dão um salto repentino, como a Beatriz Milhazes.

Já me livrei daquilo que eu não queria, mas prefiro não citar artistas, é deselegante. Por burrice minha, e influência do Di Cavalcanti, que era muito amigo meu e detestava arte abstrata, deixei de comprar obras importantes de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Hércules Barsotti. A porção de arte concreta na minha coleção é muito pequena. Agora, não é só ficar sentado em cima do quadro esperando o tempo passar. É preciso garimpar a coleção, ir se livrando de coisas menores para apostar naquilo que tem valor.

terça-feira, novembro 30, 2010

Imigração 3: Itália e Espanha se fecham

No final dos anos 1990, a Europa começava a fechar as portas pros imigrantes. Estava sendo construída uma cerca em torno de Ceuta e Melilla, dois entrepostos comerciais encravados no território de Marrocos, em pleno norte da África, mas que pertencem à Espanha desde o século XVI.

O projeto custou 36 milhões de dólares e consistia em duas fileiras de barricadas de arame com 3 metros de altura e entre elas um corredor de 5 metros de largura, formando uma zona de patrulha pros policiais espanhóis. O complexo contava com cameras de vídeos e torres de controle.

A ideia é a mesma da cerca na fronteira do México com os Estados Unidos, ou com o Muro de Berlim, com a diferença que este último existia pra impedir os alemães orientais de escaparem das maravilhas do comunismo e a primeira serve pra vetar que os pobres tirem uma casquinha do capitalismo avançado.

A Espanha construiu a cerca pra responder à pressões dos parceiros da União Europeia. A Itália fez o mesmo com relação aos refugiados curdos do Iraque e Turquia, africanos do norte e albaneses, que procuravam asilo nas ilhas de Lampedusa e Pantelleria, a 60 quilômetros do litoral da Tunísia, na África.

A Itália passou a receber essas pessoas em centros de triagem onde se amontavam os imigrantes. O problema era que os curdos usavam a Itália como brecha pra se estabelecer na Alemanha, pois este país tinha as leis de imigração mais liberais da Europa.

Mas pessoas como os curdos e argelinos, que fugiam de guerra e perseguição política, estavam dispostos a tudo. Os africanos que chegavam a Ceuta e Melilla em busca de asilo, viajavam de países distantes sob as piores condições possíveis.

A Europa, alem do dilema moral, enfrentava a compreensível falta de disposição persecutória dos países de onde saiam esses imigrantes. Mas, só de marroquinos, existiam 1,7 milhão morando no exterior, apesar de serem punidos caso fossem pegos tentando sair de lá. O desemprego no Marrocos era de 20%.

segunda-feira, novembro 29, 2010

Como as uvas variam

Uma grande variedade de atributos diferencia uma variedade de uva de outra. Esses atributos são distribuídos principalmente em duas categorias: traços de personalidade e fatores de performance. Traços de personalidade são as características da própria fruta, como por exemplo, o seu sabor. Fatores de performance são referentes ao modo que as uvas crescem, como a fruta fica madura e quão rápido podem chegar de 0 a 100km/h.

Traços de personalidades – a cor da pele da uva é a mais importante distinção entre as variedades das uvas. Cada variedade de uva é considerada uma variedade branca ou uma variedade vermelha (ou preta). Isto se baseando na cor da casca da uva quando ela está madura. Poucas uvas de pele vermelha são profundamente mais subdivididas em polpa vermelha, ao invés de terem polpa branca. Variedades individuais de uvas também se distinguem umas das outras pelos seus:

- Compostos aromáticos – algumas uvas possuem aromas e sabores florais enquanto outras possuem notas de ervas ou frutas. Algumas possuem aromas e sabores neutros.

- Níveis de acidez – algumas uvas são naturalmente carregadas com altos níveis de ácido, o que influencia os vinhos feitos dessa uva.

- Espessura da casca e tamanho individual das uvas – uvas negras com cascas grossas naturalmente possuem mais tanino do que uvas com peles mais finas. O mesmo acontece na relação pequenas-grandes uvas, pois nas pequenas uvas a percentagem de pele/suco é maior. Mais tanino na uva, mais firme e tânico será o vinho.

Os compostos de traços de personalidade de qualquer variedade de uva são consideravelmente evidentes em vinhos feitos dessa uva. Um vinho Cabernet Sauvignon é quase sempre mais tânico e um pouco mais baixo em teor alcoólico do que um Merlot, por exemplo, por causa da natureza dessas duas uvas questão.

Fatores de performance – os fatores de performance que distinguem as variedades de uvas são importantes para o crescimento das uvas, pois estes fatores determinam se será fácil ou difícil cultivar essa ou aquela variedade de uva em determinado quintal. Ou até mesmo se essa variedade pode ser plantada ali naquele solo. Esses fatores são:

- Qual o tempo que a uva precisa pra ficar Madura? Em regiões com pouco tempo de crescimento por causa das estacões, as uvas que são colhidas mais rápidas se dão melhor no local.

- Quão denso e compacto os cachos são. Em temperaturas mais quentes e húmidas, os cachos mais densos, algumas uvas podem apresentar problemas de mofo.

- Quanto de vegetação a variedade de uva tende a crescer? Em solos férteis, uma uva que cresce muitas folhas e galhos podem ter muita vegetação ao ponto das uvas não receberem a luz do sol.

As razoes por que algumas uvas se dão extremamente bem em algumas regiões e geram excelentes vinhos como resultado são tão complexas que os produtores de vinho ainda não conseguiram compreender direito. A quantidade de frio ou calor, a quantidade de vento e chuva (ou a falta dela) e a falta de raios de sol fortes no outro lado de uma colina, por exemplo, são fatores que determinam a performance de uma uva.

Em todo caso, não existem dois vinhedos no mundo com a mesma combinação desses fatores. Ou na linguagem, precisamente o mesmo terroir.

Mas falando nisso, como as uvas ficam maduras? Quando as uvas não estão ainda maduras, elas contem uma grande quantidade de acido e muito pouco açúcar, o que vem a ser verdadeiro pra qualquer fruta, e o sabor não é muito legal. Quando o amadurecimento começa a progredir, as uvas ficam mais doces e menos ácidas, apesar de sempre reterem algum acido e então seus sabores passam a ficar mais ricos e mais complexos.

A pele então fica mais fina e até mesmo os caroços também ficam maduros, algumas vezes mudando de cor de verde pra marron. O estágio em que são colhidas é um grande fator no estilo do vinho.

terça-feira, novembro 23, 2010

Fatos para serem lembrados 10: A eleição de George W. Bush

O presidente americano que iria suceder Bill Clinton foi eleito depois de um batalha judicial, que durou mais de um mês. A decisão só foi feita quando a Suprema Corte mandou parar com as infinitas recontagens de votos no estado da Florida e deu a vitória ao republicano. Bush ganhou com 300 mil votos a menos que Al Gore. Foi a terceira vez que isso aconteceu em toda a história americana até então. E era a segunda vez que um filho de ex-presidente chegava à Casa Branca. O outro foi Quincy Jones Adams, eleito em 1824, filho de John Adams, o segundo presidente do país.

Bush e Adams também tiveram outras peculiaridades. Ambos passaram a usar o nome intermediário pra se diferenciar do pai que possui o mesmo nome. O W de Bush é Walker. Ambos perderam por estreita margem na votação popular, mas conseguiram maioria no colégio eleitoral. Como a eleição americana é feita com base estadual, o candidato com maioria num estado leva todos os seus votos eleitorais. Isso explica porque após abocanhar os disputadíssimos 25 votos da Florida uma diferença de pouco mais de uma centena de votos populares, Bush bate Gore por 271 a 267 no Colégio eleitoral. Valendo salientar que o irmão de Bush era o governador de mesma Flórida.

George W. Bush era o governador do Texas, maior estado americano em tamanho e o segundo mais rico. Bush era o filho mais velho de uma família cujos negócios são política e petróleo. Bush pai veio da região de New England e o próprio Bush filho nasceu em Connecticut, mas se mudaram pra Midland, no Texas, quando Bush filho tinha 2 anos.

Bush filho fez história em Yale e mestrado em administração em Harvard e casou-se com sua atual mulher em 1977. Perdeu a primeira eleição pra deputado e teve duas filhas gémeas. Tinha 43 anos de idade quando o pai se tornou presidente, em 1989.

Bush filho então trabalhou como assessor na Casa Branca, mas voltou pro Texas e pegou 600 mil dólares emprestador e comprou parte do Texas Rangers, o que lhe deu 2% do time. Mais tarde vendeu suas ações com lucro de 2500%.

Em 1994, dois anos depois do pai perder a reeleição pra Bill Clinton, candidatou-se ao governo do Texas. Bush como governador do Texas ficou famoso pela austeridade fiscal. Cortou impostos e melhorou o sistema educacional. Foi reeleito em 1998. Bush era também favorável a pena de morte e durante o seu governo, mais de 140 condenados foram executados no Texas.

O vice-presidente eleito era Dick Cheney, raposa politica, homem forte do petróleo e que havia sido secretario da defesa de Bush pai. Outro que trabalhou com Bush pai foi Colin Powell, vencedor da Guerra do Golfo, que se tornou chefe do departamento de Estado de Bush filho.

O PIB americano quando Bush chegou à presidência era de 8 trilhões de dólares, quatro vezes o total de riquezas produzidas nos 33 países da América Latina. O orçamento do governo americano era de 1,7 trilhões de dólares, 17 vezes maior do que o brasileiro. Os gastos militares americanos eram de 280 bilhões de dólares por ano, o que era o PIB da Argentina na mesma época.

A conta que os Estados Unidos tinham com saúde pública representava quase 8 vezes o total do comércio entre os países do Mercosul. Com conservação de estradas, os estados Unidos gastavam 29 bilhões de dólares, quantia que era o PIB do Uruguai e Paraguai juntos. 1,8 Bilhão de dólares eram gastos na manutenção dos parques nacionais e representava cinco vezes a verba anual do ministério do meio ambiente.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Nunca antes nesse país - Parte I

Bem, hoje em dia a moda é falar de Lula, que “nunca antes neste país”… mas olhando e buscando informações, vemos que as coisas não são bem assim. Acredito que um dos primeiros eletrodomésticos que o pobre compra é a televisão. Se buscarmos esse índice, em 1996, 8 milhões de aparelhos de televisão foram fabricados no Brasil, o que representava 35% a mais do que 1995.

Digo isso porque apenas 14% dessas televisões eram acima de 29 polegadas, com preços a partir de mil reais, na época. Esse aumento da demanda foi causado pelas facilidades de crédito, que Lula diz que o pobre só pôde começar a comprar no governo dele.

Lula faz questão de esquecer que o Plano Real, desenvolvido por Fernando Henrique Cardoso e sua equipe económico no governo Itamar Franco foi o salvador de uma pátria lascada e que por tabela, faz com que ele contasse tanta bravata e conta até hoje. Imaginem ai o PT pegando o país como ele estava no inicio da década de 1990, com toda essa competência inerente a à essa raça?

Essa bonança que Lula alega que começou no governo dele, na verdade começou em 27 de Fevereiro de 1994, com a publicação da medida provisória 434, que instituía a Unidade Real de Valor, o URV, estabelecia regras de conversão e uso de valores monetários e inicia a desindexação da economia e determinava o lançamento de uma nova moeda, Real. Porque Lula esqueceu isso? Porque Lula esquece que por causa disso, ele levou duas SIURRAS HISTÓRICAS, em DUAS ELEIÇÕES SEGUIDA, contra justamente o criador disso tudo aí, o ex-presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO?

E pra contribuir um pouco mais pra historia, o PT era CONTRA a criação do Real. Sabem porque? Porque o PT era contra tudo, não importava o que. A intenção do PT era e sempre foi desestabilizar tudo.

Esse plano foi um golpe contra o PT, pelo menos assim eles acreditavam, pois tratava-se do mais amplo plano económico já realizado na história do Brasil e o objetivo principal era controla a hiperinflação que aterrorizava o país há anos. Em Junho de 1994, quando foi lançada a moeda, a inflação estava em 46,58% ao mês. É brincadeira? Me digam ai o que os economistas petistas iriam fazer com isso? Na época, a estrela da economia do PT era um dinossauro chamado Maria da Conceição Tavares. O que ela iria fazer?

Se o Plano Real fosse uma música, ele teria dois compositores. Itamar Franco, que deu liberdade irrestrita pro seu ministro da Fazenda e Fernando Henrique, que era esse ministro da Fazenda e que teve a inteligência suficiente de contratar os mais brilhantes economistas do pais pra arquitetura do plano. Eram eles Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, entre outros.

O Plano Real foi o mais eficaz da história tupiniquim, reduziu a inflação e como consequência, ampliou o poder de compra da população, recriando os setores económicos nacionais. Ora, a inflação no país era tão grande que maior somente a da Alemanha, nos anos 1920. De 1965 ate 1994, acumulamos 1,1 quartilho por cento, ou seja, inflação de 16 dígitos em 3 décadas.

Um dos fatores predominante pro sucesso do Plano Real foi a Emenda Constitucional numero 10, que criou o Fundo Social de Emergência, o FSE, que produziu a desvinculação de verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, que deu margem pro governo remanejar ou cortar gastos supérfluos. Estou aqui até vendo o PT fazendo isso… piada.

Ora, essa medida foi fundamental pois os gastos do governo contribuíam enormemente pra hiperinflação, pois a máquina estatal era grande e sempre procurando mais gastos.

Fernando Henrique saiu do cargo pra concorrer à presidência da república, deixando no seu lugar Rubens Ricupero, que caiu por causa da gafe da parabólica. Assim, Ciro Gomes assumiu em seu lugar, pois ainda era do PSDB, esse canalha hoje em dia coligado dos petistas.

A primeira inflação depois da moeda foi de 6,08% ao mês. Um verdadeiro colírio nos olhos dos brasileiros. Voltando, o Plano Real consistiu em três fases: 1) equilíbrio das contas publicas, reduzindo despesas e aumentando receitas (1993 e 1994); 2) criação da URV pra preservar o poder de compra e 3) lançamento do padrão monetário Real, usado até os dias de hoje. Voltamos com o texto “Nunca antes nesse país – Parte II” pra terminar de contar o que houve depois da implementação do Plano Real.

domingo, outubro 31, 2010

Times cariocas nos Brasileiros

Tentando matar uma curiosidade em torno das participacoes dos times cariocas nos campeonatos brasileiros, eu criei um ranking particular, examinando cada edicao deste torneio, que foi criado em 1971. Os pontos foram dados somentes aos 10 primeiros colocados, sendo 10 pro campeão, 9 pro vice e assim por diante até 1 ponto pro decimo colocado. Portanto, da decima primeira colocação pra baixo não se pontua. Afinal, o que um time quer chegando em decimo primeiro pra baixo?
Assim, cheguei à seguinte conclusão.

ANOS 1970:

Nos anos 1970, o melhor time carioca nos brasileiros foi sem dúvida o Vasco da Gama, conquistando 30 pontos, ou seja, foi o campeão de 1974 (10 pontos), o sétimo em 1972 (4 pontos), o quarto em 1978 (7 pontos) e o vice campeão de 1979 (9 pontos). O Vasco foi o time carioca a ser campeão e ainda de quebra, conquistou um vice-campeonato.

O Botafogo foi o segundo melhor time carioca dos anos 1970 nos brasileiros, conquistando 28 pontos. Foi o terceiro colocado de 1971 (8 pontos), vice campeão de 1972 (9 pontos), nono colocado de 1973 (3 pontos), quinto colocado de 1977 (6 pontos) e nono colocado de 1978 (2 pontos).

O Flamengo foi o terceiro melhor time carioca dos anos 1970 nos brasileiros com 17 pontos. Foi o sexto em 1974 (5 pontos), sétimo em 1975 (4 pontos), quinto em 1976 (6 pontos) e nono em 1977 (2 pontos).

O quarto melhor time carioca nos brasileiros dos anos 1970 foi o Fluminense, com 15 pontos. Ficou em terceiro em 1975 (8 pontos) e quarto em 1976 (7 pontos).

ANOS 1980:

Nos anos 1980, o melhor time carioca nos brasileiros foi sem dúvida o Flamengo, conquistando 60 pontos, ou seja, o dobro do Vasco na década de 1970. O flamengo foi o campeão de 1980, 1982, 1983 e 1987 (40 pontos), o sexto em 1981 (5 pontos), quinto em 1984 (6 pontos), nono em 1985 (2 pontos), sexto em 1988 (5 pontos) e nono em 1989 (2 pontos).

O segundo melhor time carioca nos brasileiros foi o Vasco da Gama, com 41 pontos. O Vasco foi campeão de 1989 (10 pontos), oitavo em 1980 (3 pontos), quinto em 1981 (6 pontos), decimo em 1982 (1 ponto), sexto em 1983 (5 pontos), vice campeão de 1984 (9 pontos), decimo de 1987 (1 ponto) e quinto de 1988 (6 pontos).

O terceiro melhor time carioca dos anos 1980 nos brasileiros foi o Fluminense com 33 pontos. O fluminense foi campeão de 1984 (10 pontos), quinto de 1982 (6 pontos), sexto de 1986 (5 pontos), sétimo de 1987 (4 pontos) e terceiro de 1988 (8 pontos).

O quarto melhor time carioca nos brasileiros dos anos 1980 foi o Botafogo, com apenas 16 pontos ganhos no ranking. O Botafogo foi o quarto de 1981 (7 pontos), o nono de 1987 (2 pontos) e o quarto de 1989 (7 pontos). Pra você ver, as duas melhores conquistas do Botafogo na década inteira foram dois quartos lugares.

Vergonha total. Os anos 1980 deveriam ser apagados da historia do Botafogo.

ANOS 1990:

Por incrível que pareça, o melhor time carioca dos anos 1990 no brasileirao foi o Botafogo. Não que tenha feito algo bom, afinal só conseguiu 26 pontos no ranking. Menos da metada do que o Flamengo fez na década de 1980. O Botafogo foi o campeão de 1995 (10 pontos), vice campeão de 1992 (9 pontos), quinto de 1994 (6 pontos) e decimo de 1997 (1 ponto).

O segundo melhor time da década de 1990 foi o Vasco, com 23 pontos. Foi o campeão de 1997 (10 pontos), terceiro de 1992 (8 pontos), decimo de 1998 (1 ponto) e sétimo de 1999 (4 pontos).

O terceiro melhor time carioca da década de 1990 nos brasileiros foi o Flamengo, com 21 pontos. Campeão de 1992 (10 pontos), nono de 1991 (2 pontos), oitavo de 1993 (3 pontos), quinto de 1997 (6 pontos).

O quarto melhor time carioca nos brasileiros dos anos 1990 foi o Fluminense, que alem de tudo, foi o primeiro time carioca rebaixado da primeira divisão. O fluminense conseguiu apenas 14 pontos em toda a década. Foi quarto em 1991 e em 1995 (14 pontos).

ANOS 2000:

Por incrível que pareça também, o melhor time carioca dos anos 2000 no brasileirao foi o Fluminense. Conseguiu 32 pontos no ranking. O Fluminense foi o nono de 2000 (2 pontos), o terceiro de 2001 (8 pontos), o quarto de 2002 (7 pontos), o nono de 2004 (2 pontos), o quinto de 2005 (6 pontos) e o quarto de 2007 (7 pontos).

O Flamengo foi o segundo time carioca do ranking dos brasileiros dessa década com 27 pontos. Foi o oitavo de 2003 (3 pontos), terceiro de 2007 (8 pontos), quinto de 2008 (6 pontos) e campeão de 2009 (10 pontos).

O Vasco foi o terceiro melhor time carioca nos brasileiros da década com 16 pontos. Campeão de 2000 (10 pontos), sexto em 2006 (5 pontos) e decimo em 2007 (1 ponto), essa foi a pior década da historia do Vasco nos Brasileiros, ainda mais porque em 2008 ele foi rebaixado à segunda divisão do brasileirao. O Vasco foi o terceiro time carioca à ir pra segundona.

O quarto melhor time carioca da década nos brasileiros foi o Botafogo, com apenas 8 pontos. Foi nono em 2005 (2 pontos), nono em 2007 (2 pontos) e sétimo em 2008 (4 pontos). Alem de que, foi rebaixado em 2002, sendo o segundo time carioca a ser rebaixado.

Assim, somando as 4 decadas, teríamos a seguinte classificacao:

Flamengo – 125 pontos
Vasco da Gama – 110 pontos
Fluminense – 94 pontos
Botafogo – 78 pontos

Se o Brasileiro de 2010 acabasse da forma que está, teríamos a seguinte classificacao geral:

Flamengo 125, Vasco 110, Fluminense 104 e Botafogo 85. Como se vê, o Flamengo com certeza é o melhor time carioca na historia dos Brasileiros, desde 1971 até 2010 (40 edicoes).

Porém, analisando a fundo, vemos que cada time dominou uma década diferente em relação aos outros times cariocas. O vasco foi melhor dos anos 1970, o Flamengo foi o melhor dos anos 1980, o Botafogo o melhor dos anos 1990 e o Fluminense o melhor dos anos 2000.

Vamos começar a década de 2010 e ver no que vai dar. Porém, jamais podemos nos esquecer das estatísticas abaixo. Vemos que alem de tudo isso, alem...

Cariocas:

Alem de ser o time que mais possui cariocas (31 titulos), contra 30 do Fluminense, 22 titulos do Vasco e 19 titulos do Botafogo.

Rebaixamento:

Alem de ser o único dos cariocas que NUNCA DESCEU PRA SEGUNDA DIVISÃO.

Mundial:

Alem de ser o único carioca a ter 1 titulo mundial.

Libertadores da America:

E de ser um dos dois cariocas que possui um titulo da Libertadores da América (o outro é o Vasco).

Copa do Brasil:

Além de ser o carioca com mais Copas do Brasil (2 vezes contra 1 titulo do Fluminense).

Em todas as frentes o Mengão é superior aos outros 3 times. Por favor, nunca mais toquem nesse assunto comigo, a não ser que alguma coisa mude.

ALGUEM TEM DÚVIDA DE QUAL É O MAIOR TIME DO RIO?

segunda-feira, outubro 25, 2010

The wealthy barber

Outro livro interessante sobre finanças é o clássico The wealthy barber, de David Chilton, um sujeito aqui de Sarnia, na província de Ontário, província onde resido desde 2004. Ele conta os conselhos financeiros dados pelo seu barbeiro, um sujeito chamado Roy Miller, cujo qual ele visitava frequentemente pra seu aprendizado financeiro (o personagem é fictício).

David era um sujeito que tinha a mulher grávida e era bem desorganizado financeiramente falando. Após ler um artigo numa revista de negócios local, ele telefona pro seu pai pedindo dicas financeiras, pois mesmo o pai não sendo um gênio financeiro, ele deveria ter aprendido alguma coisa nos seus tantos anos de vida, calculou David. O pai então chama-o pra uma conversa, numa sexta-feira a noite. A sua esposa e sua mãe, como a maioria das mulheres, não gostaram do papo sobre dinheiro e foram dormir.

Ele nunca havia conversado sobre dinheiro com o pai, como se o assunto fosse um tabu. Foi quando o pai confessou que até cinco anos antes dessa conversa, também não entendia de finanças e vivia de contra cheque pra outro, faziam o pagamento da hipoteca, não contraiam dividas e poupavam pra quando queriam comprar uma coisa. Afinal, a única coisa que o pai dele (o avô de David) havia ensinado era que ele não devia pegar dinheiro emprestado. E esse ensinamento ele carregou. Mas só esse.

Como já disse o Robert Kyiosaki, não era culpa dos avós e sim do sistema educacional, que não ensina essas coisas. Assim, era um problema recorrente em muitas famílias. E ainda é. Mas depois que se aprende, é possível perceber como muita gente não sai das dificuldades porque simplesmente são ignorantes no assunto. É um erro, pois mesmo a economia de um país iria melhorar se cada Zé Ninguém soubesse se cuidar financeiramente.

Então o pai de David recebeu de herança de um tio da sua esposa uma quantia de 25 mil dólares e como havia terminado de pagar a hipoteca da casa, David tinha terminado a universidade e assim estava sobrando dinheiro na sua mão, ele foi procurar ajuda pra investir o seu dinheiro. Foi mais ou menos o que ocorreu comigo no início de 2007. Passei a ganhar mais do que eu precisava pra viver e fui procurar conhecimento financeiro. As nossas historias se batem aqui nesse momento e em muitos outros.

Então foi quando o pai de David disse que tinha ido visitar o barbeiro. Lá no salão tinham uns sujeitos que iam somente pra conversar e um deles se chamava James. Ele havia sido corretor de ações e um corretor de seguros de vida. E havia se tornado rico como corretor de imóveis. O pai de David então pediu conselhos financeiros a James. Contou-o sobre o dinheiro extra que houvera recebido e que queria conselhos financeiros. James então disse que o melhor conselheiro financeiro da região era o homem que estava com a navalha no seu pescoço: o barbeiro Roy Miller.

Roy Miller tinha sido o responsável por James ter ficado abastado também.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Nunca fui petista

Diz o ditado que quem não é comunista antes dos vinte anos de idade não possui coração. E que quem continua comunista depois dos vinte anos de idade não possui cérebro. Baseado nisso, então eu não tenho coração, pois nem na minha adolescência eu me deixei levar por esses preceitos ilusionistas.

Tudo bem, vá lá, ninguém mais hoje em dia quer ser comunista. Hoje em dia a discussão corre em torno de governar de forma mais social ou mais voltada à economia, embora ainda exista um grupo que adora a ideia de totalitarismo, a ver os seguidores de Chavez e Castro.

Bem, fiz todo o meu primeiro grau num colégio católico, o Nossa Senhora das Neves e por lá, não havia manifestação política, apesar de alguns comentários velados de alguns professores de história e geografia. Mas eram tão velados que ninguém nem entendia. O único petista que eu conhecia era uma tia minha, que era professora da UFRN. Eu a enxergava mais como um ser exótico do que como um ser a ser levado à sério. Inofensiva.

Mas quando fui fazer o meu segundo grau, fui pra Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, a famosa ETFRN. Lá sim, eu pude conhecer de perto a militância esquerdista de perto. Aliás, conheci por dentro. Amigos e amigos de amigos faziam parte do grémio estudantil. Através do meu amigo Zé Soares Júnior, um esquerdista empedernido, mas comedido, conheci sujeitos como Zé Humberto, Marconi e Valdemar, esses extremistas loucos.

Zé Humberto, por exemplo, nunca era visto dentro da sala de aula. Fosse dia, fosse noite, lá estava ele sentado naqueles banquinhos em frente ao ginásio. Ele nutria um verdadeiro ódio contra aqueles que não se alinhavam com suas ideias e modo de vida. Um dia olhou para os meus tênis e começou as esbravejar que eram tênis de burguês. Como eu podia usar um par de ténis daqueles? Isso era um absurdo, gritava ele, pulando como se o chão tivesse quente e apontando pros meus pés.

Zé Soares me contou, achando divertido, que certa feita foram beber na Redinha e encontraram o cantor e compositor Toquinho e o louco do Zé Humberto começou a berrar, chamando Toquinho de canalha, porque nunca tinha feito música engajada e coisa e tal. Perguntava: “Toquinho, quem é você, Toquinho? O que você fez pela música popular brasileira, Toquinho? Toquinho, tu és um merda, Toquinho filho da puta!!!!!”.

O músico, lógico, deixou o local e mudou-se pra paragens menos hostis. Acho que esse foi o ponto máximo da vida de Zé Humberto, isto é, ter “desafiado” Toquinho. Essa história rodava naquela rodinha como se fosse um grande feito. Marconi era do mesmo jeito de Zé Humberto.

O outro citado era justamente o Valdemar, que atendia pela alcunha de “Assombroso”. Valdemar era inclusive o presidente do Grêmio. Também pouco ia às aulas. Não sei como e nem em quanto tempo conseguiu pegar o diploma de segundo grau, mas o fato é que pegou. Aliás, uma característica facilmente identificável dessa gente: eles não gostam muito de estudar e trabalhar. Gostam mesmo de tumultuar, discutir ideias e atrapalhar os outros, mas fazer esforço mesmo, jamais.

Até então, como eu disse, eu não tinha a menor ideia se eu iria votar em direita ou esquerda. Mas conhecendo os parasitas da esquerda, suas ideias e atitudes, comecei a me pender pra o outro lado. Primeiro porque eu era hostilizado por não ir jogar pedras e trocar porrada com a polícia em frente a ETFRN quando tinha greve. Segundo porque eu frequentava as aulas e isso é uma atitude burguesa. Ora, em que mundo nós vivemos?

Os professores então, Deus nos acuda. Tinha um chamado Hugo Manso, que fazia tudo, menos dar aula e conhecer o conteúdo. Foi meu professor de máquina frezadora e o conhecimento dele pra fazer os cálculos dos dentes de uma engrenagem eram similares aos meus conhecimentos sobre física quântica: zero.

Mas conversar merda e propaganda política era com ele mesmo. Era até engraçado. Aula de Hugo Manso, ele escorado na frezadora, falando mal do diretor da escola, falando mal dos Maias e Alves e falando mal de tudo o que se possa imaginar. No final, todo mundo fez uma engrenagem com o mesmo numero de dentes e Hugo Manso deu 10 pra todo mundo. O cara era legal e o sistema era uma merda, então contra o sistema, ele aprovava todo mundo.

Com essa base maravilhosa, eu comecei a desconfiar dessa turma. E fui ler. Ler e ler. Comecei a ter diferenças colossais com as ideias petistas e esquerdistas brasileiras de forma geral. Mas tudo isso continuava no campo das ideias. Eu respeitava Zé Humberto, Júnior, Marconi, Valdemar, Hugo Manso e todos os petistas e esquerdistas, pois acreditava que apesar de falta de aptidão deles pro trabalho e pro estudo, eles eram pessoas honestas e sinceras nos seus propósitos.

Pensava de coração que eles eram cavalheiros que, embora tivessem métodos diferentes, queriam o mesmo que eu, que era um mundo melhor, uma sociedade mais respeitada e respeitável e um país melhor. Nunca tive ódio deles por causa disso mesmo. Ora, se eu quero ir pra Roma fazendo uma escala em Nova York e o cara quer fazer uma escala em Moscou, tudo bem, afinal o nosso objetivo é o mesmo.

Mas o meu ódio começou de verdade mesmo quando o PT chegou à presidência da república. O ódio foi duplo. Primeiro por eu ter me deixado enganar por esses “coitadinhos” do PT. O sujeito que saiu do nordeste, perdeu um dedo e virou líder sindical. Enganar no sentido de achar que eram pelo menos honestos, quero dizer. E segundo porque descobri de verdade que são uma quadrilha de ladroes, altamente qualificada e eu nunca gostei de bandido.

Quadrilha essa que deseja tanto o dinheiro e o poder que fazem, de maneira muito mais descarada e sem pudores, acordos e falcatruas como nenhum outro ladrão fez nesse país. Ladroes da qualidade de ACM, Paulo Maluf, Sarney e Jader Barbalho.

O PT traiu todo mundo. José Dirceu, José Genoino e Lula meteram uma pedaço de pau no ânus de quem sempre acreditou neles. No ânus daqueles que foram às ruas bradar por Diretas Já, daqueles que foram as ruas pra derrubar Collor. No ânus daqueles meninos crédulos e tolos que foram recrutados nas escolas e universidade e que morreram tentando derrubar o governo militar.

Eles defecaram pra tudo isso. Defecaram e dão risada disso dentro dos seus quartéis. Ficaram contra a Constituição, ficaram contra o Plano Real, ficaram contra tudo o que foi tentado ser feito pra melhorar o país. Fizeram a oposição mais ferrenha e desleal que se tem noticia. E hoje tentam empurrar Dilma Roussef, uma criminosa, pra ser o presidente do Brasil. Graças a Deus não vivi um só instante no Brasil governado pelo metralha Luís Inácio. Moro no exterior desde o governo FHC. E caso Dilma vença as eleições, aí sim, eles vão botar mesmo pra derreter.

O PT fala de avanços sociais, mas alguém já viu esse nível de criminalidade que assusta o país hoje em dia? O brasileiro acha normal não poder sair à noite. Conversando com um tio pelo telefone, ele me disse, sem nem perceber o tamanho da merda que está metido, pois o ser humano como sendo bicho de costume, não nota as mudanças ao redor. Ele disse: Lá na minha casa de praia está tranquilo, eu posso ficar bebendo na varanda até umas 9 da noite, sem problema. Depois disso não, temos que entrar, pois já fica perigoso.

Você percebeu? E ele estava contando isso como uma vantagem. Poder ficar até às 9 da noite, na varanda da própria casa? Da casa? Da propriedade dele? Porra, bom demais, não? Pessoas que vem me visitar acham o máximo a gente poder sair à noite de casa. O máximo poder sair à noite. Você tá percebendo o tamanho do poço de merda em que o Brasil está metido? Não percebeu ainda? Então vote em Dilma Roussef e reze pra que quem sabe, você só trabalhe até as 4 da tarde, pois depois disso, as ruas serão dos bandidos e você só estará seguro debaixo do seu colchão.

Amigos e conhecidos são rendidos todos os dias. Chegando em casa, dormindo, ninguém tem mais paz em canto algum. Alguém por favor, compare os números da violência nos governos FHC e Lula, já que eles gostam tanto de forjar números e me digam por favor o resultado.

Eu discuto com alguns amigos petistas e eles possuem um branco, alias, um buraco negro quando o assunto é a canalhice do PT. O roubo do PT. Os crimes da gang. Eu mando um email falando sobre isso e eles não respondem. Sabe qual é a máxima canalha deles? O PT rouba mas faz um governo visando o social, e daí?

E daí um cacete. Rouba tem que sair ou ir pra cadeia. Um cargo político não é pra enriquecimento pessoal. Se isso já virou normal no Brasil, vamos logo explodir essa merda e começar tudo de novo. Está tudo errado, está tudo errado.

E eles ainda gritam aos quatro cantos que o país melhorou. Melhorou sim. Melhorou muito pro filho de Lula, pra Dirceu, pra Delúbio, pra Duda Mendonça, pra Palloci, pros traficantes, pros ladroes, pro MST. Está uma beleza.

Que a terra lhes seja leve!!!

domingo, outubro 17, 2010

Vale a pena ler 33: O criador do futebol lucrativo

Fui eleito presidente da FIFA apenas na primeira vez, quando derrotei o inglês Stanley Rous por 68 votos a 52. A partir daí, sempre me reconduziram por aclamação. Eu ficava porque todos me pediam. No meu último mandato, houve um novo movimento nesse sentido, mas tudo na vida tem um limite. O difícil não é entrar, é saber sair. Afastei-me da Fifa em seu auge, com recursos, competições e uma política de desenvolvimento do futebol no mundo inteiro que ela nunca teve. Além disso, deixei felizes os nossos funcionários, que ganhavam excepcionalmente bem quando saí. Por exemplo, em números de 1998: Uma secretária trilingue recebia, em média, 15.000 dólares por mês. Os chefes de departamento, 25.000 dólares cada um. O secretário-geral, 100.000 dólares.

Eu não recebia nada. A Fifa me pagava as viagens, incluindo alimentação e um automóvel a meu dispor em cada cidade a que chegava. Evidentemente, as passagens e os hotéis eram de primeira classe, pois em outras condições eu não iria a lugar nenhum.

As viagens cansavam, mas elas eram parte de meu trabalho. Não conheço ninguém que viajou mais do que eu. Fazia, em média, 800 horas de vôo por ano. Portanto, em 24 anos de Fifa foram 19.200 horas. Essa é a marca que um comandante de Jumbo completa perto da aposentadoria. Como presidente da antiga Confederação Brasileira de Desportos, entre 1958 e 1974, devo ter feito mais de 10.000 horas. Ou seja, passei das 30.000 horas.

Fui recebido por todos os reis, presidentes e primeiros-ministros dos países que visitei. Estive com Reagan, Bush e Clinton nos Estados Unidos, Brejnev, Gorbachev e Ieltsin na Rússia, para citar apenas esses seis. Alguns se tornaram meus amigos pessoais, como o rei Fahd, da Arábia Saudita. Ele me trata como se eu fosse uma pessoa de sua família. Outra feita, encontrei-me com Yasser Arafat e consegui do rei Fahd uma ajuda de 100 milhões de dólares para o desenvolvimento do esporte na Palestina.

Os estudos que realizamos na Fifa mostravam que o futebol movimentava 250 bilhões de dólares por ano na economia mundial, no meu último ano de presidente. Levam-se aí em conta salários de jogadores, bilheteria dos estádios, publicidade, transmissões de televisão, venda de material esportivo, passagens aéreas, ocupação de hotéis, turismo, indústrias paralelas e muito mais. A maior empresa do mundo, a General Motors, faturava 170 bilhões de dólares por ano no mesmo periodo. Pelos mesmos cálculos, o futebol empregava, direta ou indiretamente, 450 milhões de pessoas.

Quase 7% da população da terra trabalhava direta ou indiretamente com o futebol. A estimativa é bastante aproximada. Se contarmos pouco mais de 2 milhões de pessoas por país filiado já atingiremos esse número. Para dar uma idéia, até poucos anos atrás as mulheres não jogavam futebol. Desculpem a falta de modéstia, mas quando cheguei à Fifa o futebol não era nada. Posso dizer hoje que cumpri minha missão.

A missão de transformar o futebol na maior organização do mundo. Até 1974, a Fifa, no intervalo entre uma Copa do Mundo e outra, recebia empréstimos da União Européia de Futebol, a Uefa, para poder sobreviver. Ela promovia duas competições: a Copa, com dezesseis participantes, e o torneio de futebol nos Jogos Olímpicos. Hoje em dia temos dez grandes competições. Quando o Brasil foi tricampeão mundial, em 1970, recebemos como prêmio 600.000 dólares. No Mundial da França, cada seleção ganhou 1 milhão de dólares por jogo. Não há nada igual a uma Copa do Mundo.

Trinta e dois times é um bom número. Com dezesseis times, sistema que vigorou até 1978, tínhamos 32 jogos em 25 dias. Em 1982, com 24 equipes, passamos a 52 jogos em trinta dias. Com 32 seleções, o que aconteceu pela primeira vez em 1998, temos 64 jogos em 32 dias. Em todos os casos os dois finalistas disputam sete partidas. Os jogadores não sofrerão nenhum desgaste adicional.

Quem tem 200 filhos não pode pensar somente no interesse de dois ou três. O futebol africano, que era visto como simples curiosidade, hoje se encontra em franco progresso. Seus melhores jogadores atuam nos grandes clubes europeus. De outro lado, é preciso lembrar que, quando eu aumentei o número de participantes de dezesseis para 24, a receita da Copa passou de 60 milhões para 500 milhões de dólares.

O futebol ganhou muito desde que o empresário alemão Horst Dassler, dono da Adidas, criou a International Sport Leisure, a ISL, em 1974, que se tornaria a maior empresa internacional de marketing esportivo. Mas, ao contrário do que pensam, eu jamais tive ligação alguma com empresas que assinaram contratos com a Fifa. A Adidas já servia à Fifa quando assumi a presidência. Ela fornece material esportivo e em troca ganha publicidade. O que o senhor Dassler fez foi permitir que a Fifa firmasse, em 1975, um contrato muito importante com a Coca-Cola para o patrocínio de algumas de nossas competições. Certa vez, um jornalista inglês perguntou qual era meu interesse nesse contrato. Eu respondi que era tomar um copo de Coca-Cola uma vez por ano.

Os patrocínios da ISL chegavam a 1 bilhão de dólares na minha gestão. Ela ganhou a concorrência porque ninguém apresentou proposta melhor. Tínhamos também contratos com a televisão americana, no valor de 500 milhões de dólares, outros 100 milhões da Adidas e mais 100 milhões da Coca-Cola. Tudo isso era exaustivamente discutido dentro da Fifa. Primeiro, na comissão de finanças. Depois, pelos 24 membros do comitê executivo. Todos os nossos contratos foram aprovados por unanimidade e depois examinados com minúcia por escritórios de advocacia. Só então eu assinava, não sem antes ler com a maior atenção. Eles eram redigidos em quatro idiomas: inglês, francês, espanhol e alemão. Alemão eu não falo, meu inglês não é forte, mas espanhol e francês eu conheço a fundo.

Não sou teimoso, sou é determinado. Perdi meu pai com 18 anos, comecei a trabalhar cedo e um dia decidi que nunca teria patrão. Venci todos os meus desafios. Quando jovem, fui atacado pelo tifo negro e fiquei 120 dias preso a uma cama. O médico chegou a preparar minha mãe para o pior, lembrando que, entre 1.000 vítimas da moléstia, uma se salva. Pois ainda estou vendendo saúde. Nado 1.500 metros por dia, tenho uma taxa de colesterol abaixo da média e os médicos constataram que minha próstata é a de um homem de 55 anos.

Meu pai é que era uma pessoa de sorte. Em 1912, ele comprou uma passagem para o Titanic. Atrasou-se e, quando chegou ao Porto de Southampton, não pôde embarcar: o navio tinha acabado de partir para sua primeira e última viagem. Isso sim é que é sorte. Minhas realizações não se devem à sorte. Devem-se ao trabalho.

Desde que a televisão passou a transmitir os jogos com regularidade, os estádios gigantescos deixaram de ser necessários. Mesmo no Brasil, por motivos de segurança, não existem mais acomodações para receber aquelas multidões de antigamente. Em minha opinião, o Maracanã deveria ser implodindo. Ele está superado. Em seu lugar, deveria erguer-se um novo, para no máximo 80.000 pessoas, com estacionamento, melhor utilização do espaço, segurança e conforto. Poderia ter hotel, supermercado, shopping center, o que permitiria sua utilização permanente. A idéia, aliás, não é minha. Fizeram exatamente isso com o velho estádio de Wembley, em Londres. Em seu lugar, ao custo de 200 milhões de dólares, foi construído um complexo moderníssimo.

Em 1985, o México sofreu um terremoto terrível, no qual morreram pelo menos 5.000 pessoas, mas no ano seguinte o país realizou uma maravilhosa Copa do Mundo.

Não era o meu desejo que a copa de 2002 tivessem duas sedes. Foi a decisão do comitê executivo da Fifa. Os dois países tinham diferenças consideráveis, como população, economia e número de cidades em condições de sediar a Copa. Eram doze no Japão e apenas duas na Coréia.

O que eu disse sobre a Lei Pelé é que os filiados à Fifa são obrigados a cumprir seus estatutos. Quem não se enquadra deve sair. Alguns aspectos do projeto se chocavam com aqueles estatutos, mas foram retirados.

Pelé foi o maior jogador do mundo, mas administrar é outra coisa. Desculpem mais uma vez a imodéstia, mas fui presidente da CBD e saí de lá com três títulos mundiais. Quando assumi a Fifa, ela não tinha nada. Hoje acho que é a maior organização do mundo, pelo que gera de emprego, de dinheiro e de alegria em todos os continentes.

Não havia razão para que eu convidasse Pelé pra cerimonia de sorteio da copa. Nós convidamos os representantes dos países finalistas e jogadores das novas gerações. O que eu tinha de fazer por ele eu fiz. Há alguns anos, quando seus contratos de publicidade estavam caindo, eu o levei a vários países para ajudá-lo. Deixe ele ficar no lugar dele que eu fico no meu.

* Por João Havelange, nascido em 1916, foi presidente da FIFA entre 1974 e 1998 e também foi presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, a antiga CBF) entre 1958 e 1975. 

sábado, outubro 16, 2010

Imigração 2: os problemas dos dekasseguis

Os brasileiros que trabalhavam no Japão no final dos anos 1990 enfrentavam problemas que contradiziam as impressões dadas pelas maravilhas da imigração. Na verdade, a vida de um trabalhador brasileiro no Japão naquela data nada tinha de confortável ou próspera.

O dia-a-dia das fábricas era pesado, repetitivo e autoritário. O relacionamento com os japoneses era geralmente formal e restrito ao local de trabalho. A maioria dos dekasseguis, como são chamados os trabalhadores estrangeiros, só se atreviam a gastar o essencial, guardando o dinheiro suado para o dia de voltar pra casa. Sem luxos, sem eletrônico, sem lazer, somente poupança.

A única coisa que os fazia trabalhar todo dia nesse ambiente hostil de autoritarismo e discriminação social era o sonho de abrir um negócio por conta própria ou comprar a casa própria, quando voltassem pro Brasil.

No final da década de 1990 esse sacrifício não estava valendo tanto a pena. Talvez tenha valido quando a prosperidade nipónica estava de vento em popa e se podia dobrar o salário com horas extras. Mas a situação havia mudado e a recessão fez minguar a oferta de empregos e praticamente acabaram-se as horas extras.

A procura por trabalhadores estrangeiros havia caído quase que 80% e os salários que facilmente chegavam a 5 mil dólares, nessa época não chegavam a 3 mil dólares mensais. Isso era muito pouco, pois só pra se ter uma ideia, na mesma época, uma laranja custava 1 dólar. E pra piorar, eles ganhavam em Ienes, que estavam se desvalorizando à passos largos com relação ao dólar.

A saída em massa dos brasileiros pro Japão se deu no começo dos anos 1990, quando se vivia no Brasil um período de grande falta de esperança. No final da década de 1990, havia 220 mil brasileiros trabalhando no Japão, na sua maioria, descendentes de japoneses.

A maioria deles entrava no Japão seguindo o seguinte esquema: empresas de mão-de-obra pagam a passagem do trabalhador e vivem num sistema de vales e contas que nunca são pagas, escravizando os pobres diabos que vão em busca de uma vida melhor. E ainda moram nos alojamentos e tem que pagar gás, luz, aluguel e até o aluguel da bicicleta. Nada é de graça. Lembra muito aqueles trabalhadores do garimpo ou da borracha, que nunca conseguiam pagar duas “dívidas” com os donos do local.

Chegando lá, o trabalhador aprende logo duas palavras: Hayaku (mais rápido) e damê (está errado). Os japoneses são metódicos e inflexíveis e pecam pela falta de criatividade. O sistema japonês detesta reclamações por parte dos funcionários e detesta também qualquer mudança. Só falavam com os funcionários estrangeiros aos berros e pra mostrar um trabalho, as vezes, os estrangeiros são puxados pela gola.

Li há algum tempo um artigo no Toronto Star que dizia que o Japão estava com enormes problemas por causa da força de trabalho que está envelhecendo e eles não estão conseguindo preencher essa lacuna por se recusarem a criar leis de imigração decentes, que respeitem o estrangeiro. Tomara que se fodam, pra deixarem de ser intransigentes.

No meu trabalho, um japonês derrubou um pote de café no chão da cozinha. Uma senhora canadense estava ao lado dele. Ele começou a sair e a senhora perguntou se ele não iria limpar aquela sujeira, no que ele respondeu que não, que ele era homem e homem não limpa porra nenhuma. A mulher disse só se for no seu país, pois aqui não importa se quem sujou é homem, mulher ou macaco. Sujou tem que limpar.

Ele abaixou-se e limpou com papeis toalha. Eu que assistia a tudo quieto, só aumentava o constrangimento daquele sujeito, que por estar limpando o chão, acho que iria se matar de tanta vergonha. E a mulher ao lado dele supervisionando. No final ele ainda disse: se minha mulher me visse limpando o chão iria ficar altamente ofendida, pois o marido dela não foi feito pra isso. É brincadeira? Eu só tinha vontade de chutar a cabeça dele enquanto ele estava abaixado. Eu pensava se ele é arrogante assim aqui, imagine então essa belezura lá no Japão, na casa dele?

Outro japonês do trabalho criticou um canadense pois o mesmo estava de papo com a faxineira. Ele queria saber como era possível um cara que era engenheiro abrir a boca pra falar com uma faxineira? Aquilo pra ele era inadmissível.

Vou dizer. Temos que ter um saco do tamanho do de papai noel.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Alguns segredos das variedades das uvas

A beleza de tudo é que o vinho é um produto da agricultura, nascido da terra, da plantação da uva e do trabalho duro de seres humanos. Literalmente e emocionalmente, as uvas são o elo entre a terra e o vinho. As uvas também nos dão um dos modos mais fáceis de classificar os vinhos ou de fazer sentido nas centenas de tipos de vinhos que existem.

Porque as uvas importam? Porque as uvas são o ponto inicial de cada vinho e por conseguinte, elas são amplamente responsáveis pelo estilo e personalidade de cada vinho. As uvas que fazem um vinho em particular dita a estrutura genética deste vinho e como ele irá responder com relação a tudo o que o fabricante faça com ele.

Tente se lembrar do último vinho que você bebeu. Qual era a cor? Se era branco, as chances são de que tenha vindo de uma uva branca. Se era rosé ou tinto, era porque ele veio de uvas vermelhas.

Ele tinha um cheiro de ervas ou de terra ou era frutificado? Quaisquer que fosse os aromas, eles vêm principalmente das uvas. Ele era firme e tânico ou soft e voluptuoso? Agradeça as uvas com o consentimento da mãe natureza e do fabricante do vinho.

Uma específica variedade de uva ou variedades que faz qualquer vinho é amplamente responsável pelas características sensoriais que o vinho proporciona, desde a sua aparência até os seus aromas, sabores, e seu perfil álcool/tanino/acidez.

Como as uvas crescem, a quantidade de sol ou de humidade que elas pegam, por exemplo, ou quão maduras elas estão quando são colhidas podem enfatizar certas características mais do que outras. Cada variedade de uvas reage de maneira particular às técnicas agrícolas e de fabricação que são submetidas.

Quando se fala em variedade de uva se fala da uva de um específico tipo de plantação. Por exemplo, a uva de um vinho Cabernet Sauvignon ou a uva de um vinho Chardonnay.

O termo variedade na verdade um significado especial nos círculos científicos. Uma variedade é uma subdivisão de uma espécie. A maioria dos vinhos do mundo é feito a partir de uma variedade de uva que pertence a espécie Vinifera, que por sua vez é uma subdivisão da Vitis. Essas espécies são originárias da Europa e da Ásia Ocidental. Outras espécies distintas da Vitis são nativas da América do Norte.

Uvas de outras espécies podem também fazer vinhos. Por exemplo, a uva Concord, que faz o vinho Concord, assim como faz também suco de uva e gelatina, pertence a uvas nativas americanas da espécie Vitis labrusca. Mas as uvas destas espécies tem um gosto muito diferente das uvas viníferas. O gosto delas é conhecido como foxy. O numero de uvas que não são viniferas é muito inferior, pois seu sabor é menos popular do que vinho.

Flocos de neve e impressões digitais não são exemplos únicos da variedade da natureza. Dentro do tipo Vitis e da espécie Vinifera, existem mais de 10 mil variedades de uvas. Se os vinhos de cada uma dessas espécies estivessem sendo comercialmente exploradas e você bebesse uma variedade diferente todo dia, você teria que gastar mais de 27 anos pra saborear todas.

Não estou dizendo que você não iria querer fazer isso, mas 10 mil variedades de uvas que possuem a habilidade de fazer um vinho extraordinário, uvas que tendem a fazer um vinho apenas normal e uvas que fariam vinhos que somente os pais iriam gostar. Muitas variedades são uvas obscuras cujos vinhos raramente entram no comercio internacional.

Se um sujeito que amasse muito vinho e que tivesse tempo disponível pra explorar as estradinhas da Espanha, de Portugal, da Itália e da Grécia, iria encontrar umas 1500 espécies de vinhos, que daria apenas 4 anos de bebedeira diária com uvas diferentes. Mas a variedade de uvas que você encontra na sua vida normal de bebedor de vinho provavelmente irá chegar perto do número de 50.

Sabe o que é a ameaça da phylloxera? Se existisse uma lista de frutas em extinção no final do século 19, Vitis Vinifera certamente estaria nela. A espécie inteira foi quase erradicada do planeta terra por um bichinho pequeno chamado phylloxera, que imigrou pra Europa, vindo da América e empestou as raízes das plantações de uvas viníferas, extinguindo plantações inteiras no continente europeu.

Até hoje, nenhum remédio foi encontrado pra proteger as raízes viníferas da phylloxera. O que salvou as espécies foi o enxerto de uvas viníferas nas raízes de espécies norte americanas que são resistentes ao inseto. A prática de enxertar parte da fruta da Vitis vinífera dentro de outra espécie resistente ao phylloxera continua ate hoje em todo lugar do mundo onde a phylloxera está presente e vinho decente é fabricado.

A prática é enxerto da frita é chamada de Scion e a parte da raiz é chamada rootstock. Miraculosamente, cada variedade de uva mantém suas características próprias, apesar de serem criadas em cima de uma raiz alienígena.

sexta-feira, outubro 08, 2010

Fatos para serem lembrados 9: Putin chegava ao poder na Rússia

Na virada do milénio, chegava ao poder na Rússia um homem sem credenciais como democrata. Vladimir Putin era um homem saído dos porões da KGB e que até pouco tempo antes disso, pouca gente tinha ouvido falar. Quem escolheu o novo presidente da Rússia foi Boris Ieltsin, que tinha sido o presidente desde o fim do comunismo em 1991. Ieltsin renunciou e deixou o seu pupilo no seu lugar.

Putin tinha 47 anos de idade e recebia nas mãos uma verdadeira “promoção”. A economia ia de ladeira abaixo, havia uma guerra selvagem numa província rebelde, a corrupção corroía o aparelho estatal e as extravagancias dos novos ricos eram um despautério onde os aposentados catavam restos de comidas no lixo e onde a expectativa de vida da população estava em queda.

Como Ieltsin indicou Putin como sucessor, a população aceitou de bom grado e votou pesadamente nele quando chegaram as eleições. Putin era uma mão forte que colocava o país no caminho de ordem novamente. Além disso, a sua ofensiva bélica implacável contra os separatistas de Chechénia fez Putin ter os votos da maioria dos russos.

A Rússia é o maior país do planeta, com 11 fusos horários e compreende do leste da Europa, passando pelo norte da Ásia e terminando no oceano pacífico. Tinha exército de massa, aviões caças de última geração, submarinos nucleares e cientistas de primeira linha. Alem de imenso territorialmente, possuía etnias diferentes que falavam mais de 100 línguas e dialetos diferentes.

Apesar de estar bagunçada, a Rússia era dona do segundo maior arsenal nuclear do planeta e dispunha de recursos naturais incomparáveis e um capital humano com alta qualificação. Porem, desde o final da URSS em 1991, o PIB era praticamente a metade.

O desemprego era de 12% e mais de um terço da população vivia abaixo da linha de pobreza. Criminalidade estava em ascensão, desde gangs de jovens ate mafiosos de grande porte. A corrupção tomava conta da administração pública.

O que se via na Rússia era uma nação onde ninguém pagava impostos, ninguém respeitava uma fila, os balconistas não se sentiam na obrigação de atender os fregueses e todos eram corruptos. O ícone dessa gente era Boris Berezovsky, um megaempresário que, na sombra, controlava a política, a economia e a vida dos russos. Berezovsky era o patrono de Ieltsin. Foi ele, também, que abençoou a indicação de Putin à presidência.

segunda-feira, outubro 04, 2010

A Sadia – Parte 2

Bem, dando continuidade à história da Sadia. Quando o neto predileto do seu Attilio Fontana, Luiz Furlan era o presidente do conselho, foi que começaram as aplicações financeiras. Em 2003, ele deixou o cargo pra se tornar ministro do Desenvolvimento de Lula e antes de sair, ele colocou o seu pai, Osório Furlan como seu representante no conselho. Osório este que havia sido demitido pelo próprio Attilio, em 1983.

Na apresentação que Oscar Malvesse fez na Sadia em 2007, ele disse que o lucro operacional (que vinha das vendas dos produtos) representava apenas 57% dos ganhos da empresa e que os outros 43% provinham de transações financeiras. Nas grandes empresas, esses ganhos com operações financeiras não passam de 10% do lucro total.

Entre 2002 e 2007, as vendas da Perdigão cresceram 73% a mais do que as da Sadia.

Em Setembro de 2008, o presidente Walter Fontana Filho, estava tentando comprar o Frangosul, do grupo francês Doux, o maior produtor europeu de aves e embutidos. A Sadia iria desembolsar 1,2 bilhão de reais por essa empresa. Pouco tempo depois, o diretor financeiro, o baiano Adriano Ferreira mandou cancelar a compra da Frangosul, pois havia perdido o controle das operações de câmbio e que a Sadia estava com 5 bilhões de dólares a descoberto no mercado de derivativos.

A Sadia tinha fechado posições de câmbio a 1,60 real e apostado que o dólar não subiria. Mas naquele dia, a moeda chegou a pouco mais de 1,80 e essa diferença, pelo contrato com os bancos, tinha que ser paga em dobro. São as chamadas operações 2 por 1. Com isso, a cada subida do dólar, a Sadia tinha que fazer um depósito na BMF para honrar seus compromissos. Como era obrigada a zerar diariamente essas posições, o caixa da empresa e sua liquidez estavam ameaçados.

A sangria começou com a implosão do mercado imobiliário americano, que fez com que o dólar começasse a subir. Adriano estava mantendo o quadro em segredo e já havia gasto mais de 500 milhões de reais pra cobrir as posições, usando o capital de giro da Sadia.

Walter Fontana então convocou uma reunião emergencial com membros da direção. Entre eles estavam Cassio Casseb, ex-presidente do Banco do Brasil, Eduardo D’Ávila, vice-presidente do conselho de administração, Roberto Faldini, conselheiro responsável pelo comité de auditoria, José Antônio Gragnani, da corretora Concórdia e João Ayres Rabello, executivo contratado poucos meses antes pra tocar o projeto da abertura de um banco da empresa, chamado Banco Concórdia.

Trabalharam duro até a noite e conseguiram reduzir a exposição da Sadia de 5 pra 3,4 bilhões de dólares. Morria ali quase um terço do problema. Mas as coisas iriam piorar ainda mais. Tentaram pegar 1,5 bilhão de reais da Fundação Attilio Fontana, mas o presidente da fundação não deixou, alegando que ali Attilio tinha colocado 30% do seu património pessoal, que não seria tocado. Os familiares foram então avisados que, do dia pra noite, a maior empresa de alimentos do país estava a beira da falência.

Walter, engolindo o orgulho, foi pedir ajuda ao primo Luiz. Luiz era dono de 23% das ações da Sadia, havia saído do governo meses antes e em vez de retornar a Sadia, se envolveu num projeto ambientalista na Amazônia. No momento da bomba, Luiz estava no Japão participando de uma reunião do conselho da Panasonic. O prejuízo total com os derivativos foi de 2,5 bilhoes de dólares.

Aí entra o PT. Furlan, que havia sido ministro de Lula, procurou o presidente pra pedir ajuda. Eles queriam um empréstimo do BNDS. Lula entregava de bandeja a Sadia para as mãos da concorrente Perdigao. Do mesmo jeito que forçou a venda da Brasil Telecom pra Oi, Lula viu a oportunidade de criar uma grande empresa nacional no setor de alimentos.

Surgia assim a Brasil Foods, com 25 bilhoes de reais em vendas, sendo 10 bilhoes somente de exportacoes. Contava com 4,2 bilhoes em investimentos e 120 mil funcionários, espalhados por 64 fábricas.

A Sadia tinha 32% da nova empresa, onde 12% eram da família, contra 68% da Perdigao, que tinham também a presidência executiva da empresa.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Peekaboo Day Care

Luisa e Amanda no primeiro dia delas no Peekaboo. Setembro de 2008.
 
Quando as minhas filhas completaram 2 anos de idade, minha sogra começou a ideia de colocar as meninas numa creche. Eu não gostei da ideia, uma vez que eu contava com a educação gratuita, um dos brindes canadenses em troca dos impostos excessivos que pagamos. Como o ensino gratuito só começa na Júnior Kindergarten, ou seja, quando a criança tem 4 anos, eu estava disposto a esperar esses dois anos a mais. Ainda porque, tínhamos trazido uma babá do Brasil pra ficar com as meninas nesse período.

Porem, minha mulher gostou a idéia e pra ter sossego, eu concordei com o processo e as meninas começaram a ir pra creche. Fizemos umas pesquisas e encontramos a Peekaboo.  Felizmente, a resposta foi excelente. Eu não sei o que seria delas caso não tivessem ido pra lá desde cedo. Aprenderam desde o inglês fluente, passando por convivência social e outras regras e hábitos que estão ajudando bastante a elas nessa nova fase, de Júnior Kindergarten. Enfim, elas entraram na Peekaboo em Setembro de 2008 e saíram agora, dois anos depois, em Setembro de 2010. As pessoas lá são maravilhosas, desde a coordenadora Tanya e a vice-coordenadora Sam, até as professoras. Jennifer foi a primeira e por fim, tiveram Katie, Patricia e Lindsay. Todas muito atenciosas com as meninas e com muito cuidado.

Todo o tempo que elas passaram lá foi maravilhoso. A independência cresceu significantemente e elas criaram amizade com duas meninas e formavam sempre o mesmo quarteto. Engraçado como até nessa idade as amizades são formadas de maneira mais forte do que com outras pessoas. O quarteto era sempre o mesmo: Amanda, Luisa, Victoria e Madelaine.

Luisa e Amanda no último dia no Peekaboo. Setembro de 2010.

Foi uma decisão que eu não me arrependo. Até mesmo quando as meninas estavam indo embora, as professoras faziam um trabalho psicológico nelas, convencendo-as de que era preciso mudar de escola, pois elas estavam crescendo e a nova escola era de meninas grandes. Elas aceitaram numa boa e chegaram na nova escola bem contentes, conscientes de que era preciso mudar. Nem falam mais na Peekaboo. Até nisso tudo funcionou direito. Assim, quem puder e quiser, eu recomendo essa creche. As meninas ficavam lá desde 7 da manhã até 6 da tarde. Recomendamos pra um casal amigo nossa de brasileiros e eles estão adorando.

Agora estamos vivendo uma nova fase. Elas começaram a natação em fevereiro de 2010 e já estão no nível 4 das crianças. Também começaram as aulas de Ballet. Tudo tem sido novo e proveitoso. A Júnior Kindergarten na escola católica, a natação, o ballet, ufa, já estão com agenda de menina grande.