terça-feira, novembro 15, 2016

A corrupção não é o único dos nossos males

Hoje em dia temos a impressão de estarmos vivendo uma terrível crise econômica e uma tenebrosa crise política. Eu disse impressão pois eu gostaria de saber, quem sempre não viveu sob uma crise econômica e política? Com raras exceções como o início do Plano Real, parte da Era Kubitschek e o milagre econômico do fim dos anos 60, o Brasil viveu sempre sob um estado de crise permanente. Sempre foi um mosaico de problemas e condições institucionais instáveis.

Não tivemos graças à Deus nenhuma guerra étnica, religiosa ou outra imbecilidade do tipo, e até mesmo o chamado período ditatorial foi uma brasinha com pouco mais de 300 mortos em 21 anos de período militar. Hoje em dia esses números não chegam à um final de semana nas principais capitais, devido à violência gritante que nos assola, justamente pelo abrandamento das punições tão exigidas pelas esquerdas e Comissões dos Direitos Humanos.

Assim, essa crise eterna e medonha, é nossa própria culpa, por pura falta de hombridade, bom senso coletivo e responsabilidade. O nosso grave subdesenvolvimento é político, não é econômico, educacional ou tecnológico, apesar de também sermos subdesenvolvidos nessas áreas, eles não são nosso principal problema.

O sistema político que temos é formado por estruturas disfuncionais. A nossa máquina político-administrativa, a mesma que dita nossos destinos, é uma fábrica de absurdas distorções cumulativas.

Estivemos a pouco tempo diante das eleições presidenciais. Os mais tolos, além de não entenderem a razão do porque do colegiado e do voto distrital, ainda dizem que aquilo não é democracia. Que porque o voto popular não é levado em tanta consideração, aquilo lá não funciona. Ora, falha de democracia é aqui, onde a tirania tem espaço pra vingar, como vingou com o PT e em outras ocasiões.

Nós imitamos o modelo do presidencialismo americano, mas modificamos na parte que nos convêm. Lá, o presidencialismo é conjugado ao voto distrital. No Brasil, o presidencialismo é atrelado ao voto puramente proporcional, o que gera uma crise política ininterrupta.

Mesmo que os políticos fossem homens super puros, o que não são, pois são reflexos da sociedade brasileira, eles precisam ser eleitos. Seja deputado, senador, prefeito, governador ou presidente. Esse ponto de partida é obrigatório para todos. Não tem como entrar de outra forma.

No modelo proporcional, os deputados, por exemplo, são obrigados a saírem catando votos por todo o estado, num processo extremamente caro e incerto, uma vez que o eleitor não tem como saber entre as dezenas de representantes eleitos, o que cada um tem feito. Como um eleitor médio pode saber quem propôs medidas ou leis para poder julgar se candidato A ou B merece seu voto?

Um americano, inglês ou canadense pode falar no “seu” deputado, pois ele sabe exatamente quem elegeu e tem como cobrar respostas ao representante do “seu” distrito. Lembro muito bem no Canadá, perto das eleições, surgem as bandeiras vermelhas ou azuis nas gramas nas frentes das casas. E ele sabe justamente onde é seu escritório e pode ir lá bater na porta pra conversar na hora que quiser, cobrar, elogiar, ou sugerir.

Vamos tomar por exemplo Natal. Seria dividida em distritos. O distrito que engloba Morro Branco, Nova Descoberta e adjacências, teria dois candidatos. Ari Gomes e Assis Oliveira. E ali os moradores iriam escolher entre eles e não entre 500 candidatos. Eleitos, o escritório deles seria ali, para que a população tivesse acesso, afinal ele é um servidor público como outro qualquer e não uma celebridade de Hollywood que ninguém pode chegar perto. Melhor do que passar o dia na Câmara cochilando nas cadeiras e sem fazer nada que preste.

No Brasil o sujeito vai cobrar o quê e de quem? Um cara mal se elege por um partido, já muda pra outro. Subindo de escala, o presidente é então o sujeito que irá controlar a enorme máquina pública brasileira e os mecanismos de dar ou de negar favores. Nesse sistema ridículo que temos, pouco é relevante se o político é honesto ou não.

Se vamos copiar o que deu certo, que se copie então de forma completa e não somente a parte ruim. Se faz necessário uma reforma política profunda, com ajuste para o voto distrital, com eliminação de partidos nanicos, deixando apenas 2 ou 3 partidos, afinal de contas, ou você é dirigista ou você é à favor de um estado pequeno, não existem outras opções.

Trump venceu porque o país dele não aguentava mais hipocrisia, mentira e safadeza. Quiseram um cara que a mídia o descreve como louco, mas que de louco não tem nada. A política tem que mudar sua cara. Hoje na era da informação ninguém aguenta mais esse voto proporcional. Eu espero viver pra ver isso acontecer. Trump falou o que o americano médio estava ávido por ouvir. Não se espantem com o resultado das eleições presidenciais brasileiras em 2018. Caras novas vão surgir. A eleição esmagadora de Dória na cidade de São Paulo já deu a deixa. Reforma política já!!!

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