sexta-feira, novembro 04, 2016

Brasil, o país do futuro

Desde criança escuto a frase maravilhosa que diz que o Brasil é o país do futuro. Eu carregava o peito cheio de esperança. Aos 14 anos, em 1989, a Legião Urbana lançou seu maravilhoso disco chamado As quatro estações e nele tinha uma música chamada 1965 (duas tribos), onde Renato Russo cantava novamente que “O Brasil é o país do futuro!!!”.

Mas que tremendo desapontamento. O Brasil não é o país do futuro e nem será pelos próximos 100 anos. Apesar de termos um potencial enorme, o nosso desempenho sempre tem sido abaixo do medíocre. É uma vergonha, pois o Brasil não tem o direito de ter tanta pobreza. O Brasil é um país naturalmente rico mas com uma vocação incrível pra pobreza. Japão e Suíça, por exemplo, são países naturalmente pobres, mas com uma vocação incrível pra riqueza.

Japão e Suíça são provas reais de que a riqueza de um país não está nos seus recursos naturais e sim em tecnologia e educação. Riquezas naturais são cadáveres geológicos que não significam futuro longo. E os esquerdopatas estatistas dos infernos ainda brigam por Petrobras, pré-sal e bobagens afins.

O Brasil apesar de ter tido a oportunidade, nunca foi uma potência mundial. No estouro de Juscelino nos anos 50 e de 1968 até a crise do petróleo, nós tivemos uma possibilidade de sermos grandes. Mas deixamos passar.

Os historiadores apontam três fatos que nos mantém na obscuridade econômica, sempre atrasados algumas décadas em relação aos países que estão na ponta. Primeiro, desde o século 19, o Brasil possui alta taxa de analfabetismo. Segundo, demoramos demais pra abolir os escravos e terceiro, sempre tivemos uma economia patrimonialista.

Em 1850, apenas 1% do Brasil era alfabetizada. Em outras palavras, 99% da população brasileira não sabia ler. Falamos apenas de 166 anos atrás. No mesmo ano, os Estados Unidos tinham 22% da população alfabetizada.

Com a relação à demora em abolir os escravos, isso afetou de maneira brutal o país. Enquanto na Europa, o feudalismo se desintegrou nos séculos 17 e 18, no Brasil a escravidão só foi abolida em 1888. E a escravidão gerou dois atrasos malignos: diminuiu o interesse em procurar alternativas tecnológicas para redução de custo de mão de obra, uma vez que eram de graça uma vez adquiridas e retardou o crescimento do mercado interno, pois os trabalhadores não tinham dinheiro pra gastar. Praticamente não existiam consumidores e sem consumidores, não há mercado.

A terceira mancha é a cultura patrimonialista que sempre tivemos. Sempre existiu no Brasil uma linha muito fina entre propriedade pública e propriedade privada. Sempre tivemos uma enorme capacidade apropriativa do estado através de desapropriações e confiscos. Sempre tivemos monopólios estatais e grandes corporações privilegiadas pelo governo e tudo isso retardou o florescimento de um capitalismo competitivo.

Mas, deixemos de lado o período imperial por um tempo e falemos de hoje. O Brasil até hoje não entendeu ainda dois elementos básicos do capitalismo: a soberania do consumidor e o respeito ao contribuinte! Além disso, estamos longe de resolver os nosso problemas de educação fundamental e gastamos cascatas de dinheiro com o elitismo da educação de nível superior!!

Eu tive a sorte de habitar por 16 anos no Canadá e me assustei como aqui ainda são tratados os consumidores. Da mesma forma, como são desprezados os pagadores de impostos. Não há retorno algum sobre o que pagamos. Enquanto não corrigirmos essas coisas, em vez de estarmos invadindo escolas e falando sobre coisas que ninguém no mundo mais fala, estaremos fadados à mediocridade em loop, e jamais seremos país de futuro nenhum, a não ser que seja o futuro de Mad Max!!!

Fabiano Holanda, João Pessoa, 04 de novembro de 2016.


Nenhum comentário: