quarta-feira, julho 21, 2010

O trabalhador perdido

Outro dia estava discutindo com alguns amigos aqui sobre o governo Fernando Henrique e Fernando Collor e o povo só faltou me matar quando disse que eles foram bons presidentes. Ora, entre as coisas que falo sempre que eles trouxeram de bom pro país, como abertura para as importações e a venda de todos os elefantes brancos e cabides de empregos, o país entrou numa era de modernidade, numa era bem diferente daquela que se encerrava com Sarney.

Mas alem de tudo isso, foi conseguido uma estabilidade da moeda, uma abertura económica, avanços tecnológicos, e entramos na globalização dos mercados. Tivemos também um aumento do desemprego, e todos esses fatores combinados, fez com que o trabalhador, o operário brasileiro, se visse de calça curta. Tornou-se menos combativo, mais organizado e com uma disposição quase zero pra greve. Se tornou mais favorável à negociação com os patrões. Em outras palavras, fez greve? Vai pra rua que o dono coloca outro no lugar.

Essa postura menos radical tornou-se uma questão de sobrevivência pro metalúrgico do ABC Paulista, que somente entre 1991 e 1995, perderam 100 mil postos de trabalho. Eram 230 mil metalúrgicos em 1991 e em 1995, tinham somente 135 mil no time deles.

Diante da faca no pescoço, o trabalhador se encontrou numa completa crise de identidade. Não sabia se brigava por melhores salários, por mais empregos, pela redução da jornada de trabalho ou pela diminuição dos encargos sociais. Que problema, hein?

Se na época de Sarney, o trabalhador não tinha dúvidas de que o patrão era o explorador e o operário o explorado, na época de FHC o dono da fabrica aparecia muitas vezes como o parceiro, inclusive tendo empresas que dividiam seus lucros com os empregados. Numa pesquisa feita pelo Cebrap, 73,8% dos trabalhadores disseram que preferiam uma negociação do que um confronto com os patrões.

Na Fábrica da Ford, que na época era a mais moderna do país, tinha 96 robôs na linha de montagem, que soldavam e movimentavam materiais com maior precisão, rapidez e menor risco de acidente de trabalho. E principalmente, não fazia greve.

Por isso a manutenção do emprego tornou-se a grande cruzada dos trabalhadores. E acredito que essa tendência chegou até agora, o ano de 2010. Até porque Lula, no que pôde, copiou FHC. Só se superou na canalhice e nos roubos e assaltos e sacanagem pura e direta. Os antes valentes e combatentes trabalhadores, estavam aceitando uma redução da jornada de trabalho de 44 pra 36 horas, limitações de horas extras e transformando as horas extras em folgas ou ferias coletivas e também redução dos encargos sociais.

Era uma nova postura de fazer sacrifícios pessoais em favor de manter a empresa aberta ganhou força no ABC Paulista. Porem, isso se aplicava somente no dia-a-dia das grandes empresa, vale salientar. Os das pequenas empresas, ganhavam quase 40% a menos do que o dos trabalhadores das grande empresas, além de ter um risco maior de ser demitido.

Nenhum comentário: