segunda-feira, abril 18, 2011

Imigração 4: O Brasil legaliza imigrantes ilegais

Pra quem sai do Brasil como eu e fazia trabalhos braçais e ilegais no começo da jornada, nunca imaginou que alguém estaria fazendo o mesmo percurso, só que dentro do Brasil. No final da década de 1990, trabalhadores bolivianos trabalhavam 18 horas por dia em uma fábrica de roupas em São Paulo, dividiam um quarto minúsculo com várias pessoas e tinham que morar perto do trabalho, pois não tinham grana pro transporte e nem recebiam vale-transporte.

Como precisavam economizar pra enviar dinheiro pras famílias na Bolívia, não gastavam com nada alem do essencial e transporte não é essencial. Recebiam 350 reais por mês, por serem ilegais, em cash, e nada mais. É, amigos, o Brasil também é imperialista. Não é só privilégio dos Estados Unidos não. A exploração do trabalhador ilegal não é somente artimanha praticada pelos Yankees. Os bolivianos não tinham direito a folgas, horas extras ou plano de saúde. Quando reclamavam com o patrão, o mesmo ameaçava denuncia-los a policia federal.

Mas, em 1999, os 100 mil estrangeiros que viviam clandestinos no Brasil foram anistiados por Fernando Henrique Cardoso. Outra ironia do cacete, hein? Logo o neo liberal FHC fazendo isso. Poxa, que decepção irmãos petralhas.

Quem tivesse entrado no país até 29 de Junho de 1998 e que não tivesse pendências criminais ou judiciais dentro e fora do Brasil, poderiam requerer até o dia 7 de Dezembro de 1999, uma carteira de permanência no país válida por dois anos, uma espécie de green card.

Encerrado o cadastramento, estrangeiros que eram encontrados sem a posse do documento de identidade temporária ficaram sob suspeita. Traficantes de droga, terroristas e estelionatários ficaram na berlinda. As autoridades brasileiras deduziram que quem não se cadastrou, é porque tinha algo a esconder e seria deportado, de acordo com o que encontrassem a respeito desse elemento.

Falando agora dos legais. Em 1999, existiam 950.000 estrangeiros vivendo no Brasil, o que era 0,6% da população brasileira. Na Espanha, na mesma época, tínhamos 391.000 estrangeiros. Já a Suíça, que era dona de uma das maiores rendas per capitas do mundo, contava com 17% da população formada por estrangeiros. Nos Estados Unidos eles eram 19 milhões de pessoas, ou seja, 0,7% da população. Assim, nesse aspecto, o Brasil imperialista e os EUA comungam também de índices parecidos.

Uma coisa tem que ser levada em conta: a maioria dos estrangeiros que estavam no Brasil nessa época eram de baixa qualificação profissional. Foi assim desde o inicio do século passado, quando navios cheios de italianos, alemães e japoneses atracavam em portos brasileiros. Em geral agricultores, com pouca instrução, querendo enriquecer trabalhando na lavoura do café.

A origem dos imigrantes mudou, mas a motivação sempre foi a mesma. A Policia Federal dizia que no final da década de 1990, 80% dos estrangeiros ilegais no Brasil eram asiáticos e latino americanos. A origem quase sempre era São Paulo. 

Mesmo não tendo pujança económica do primeiro mundo, o Brasil ainda era visto como um lugar pacífico, ensolarado e com um futuro promissor para famílias que queriam se estabelecer.

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