domingo, fevereiro 03, 2013

O país que Collor encontrou


Collor pegou um país que vinha de uma estagnação desde o início dos anos 1980, e pegou o país depois de Sarney, que teve quatro ministros da Fazenda, aplicou quatro choques econômicos, teve três moedas e que no último mês de governo, dezembro, a inflação chegou à 50%. No início do governo Figueiredo, essa inflação era de 50% ao ano. Se anualizar esses cinquenta por cento, ela dá um monstro de 12,874% ao ano.

Collor herdou a maior massa falida da história do Brasil até então. A divida externa brasileira era de 120 bilhões de dólares, o que nos colocava como o maior devedor do mundo. E isso era uma conta informal, pois em 1987 Sarney declarou uma moratória internacional. Por causa da inflação nos píncaros, o empresariado brasileiro continuava com suas reservas no Over ou no dólar, em vez de usa-las pra produzir.

E o governo permanecia pagando juros ferozes pra obter os empréstimos para cobrir seu rombo de caixa. Isso era uma estagnação no setor privado e no setor público ao mesmo tempo. Traduzindo, isso era falta de transporte, escola, hospitais e até comida pro povo.

O Brasil tinha 70 milhões de cidadãos que viviam com menos de dois salários mínimos, 35 milhões que não sabiam ler e 65 pessoas de cada 1000 já vinham condenadas a morrer antes mesmo do primeiro ano de vida. Os brasileiros queriam mudança, por isso a falta de sucesso das siglas maiores do país, que eram PFL e PMDB.

Em resumo, a situação que Collor pegou quando chegou ao governo era mais ou menos assim:

Inflação – Era a pior doença do país, pois tem efeitos colaterais que se espalham por todos os pontos do tecido social. Os sinais de hiperinflação já podiam ser sentidos quando Sarney estava deixando o mandato.

Deficit público – As contas públicas tinham um débito de 27 bilhões de dólares. A incapacidade de Sarney de administrar suas contas e despesas iria causar uma bomba que iria estourar posteriormente.

Serviço público – O Brasil tinha um serviço público ineficiente que consumia entre 60 a 80% da receita disponível. Havia no país 181 empresas estatais, que abrigavam 1 milhão de funcionários. Isso era um fardo pesado pro governo e impedia o desenvolvimento do país.

Educação – O Brasil era a oitava economia do mundo ocidental, mas tinha índices de alfabetização piores do que Uruguai e Paraguai. Havia no Brasil 35 milhões de analfabetos. De cada duas crianças que entravam na escola, uma era reprovada na primeira série. 

Saúde – De cada 1000 crianças que nasciam, 65 morriam antes de completar um ano de vida. O Brasil não havia conseguido acabar com doenças de pobreza, como o Mal de Chagas, que afetava 5 milhões de pessoas e a esquistossomose, que atingia 10 milhões de brasileiros.

Habitação – O déficit habitacional atingiu 10 milhões de moradias. E quarenta milhões de pessoas viviam em péssimas condições, amontoando-se em favelas, cortiços e outras formas precárias de moradia.

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