quinta-feira, junho 03, 2010

Assalto com calibre .38

Uma das maiores escrotagens que se tem notícia no Brasil nos últimos anos foi a chamada CPMF, que vem uma contribuição provisória sobre movimentações financeiras. O próprio nome já é uma sacanagem: contribuição? Contribuição um cacete. No meu entender, quando uma pessoa contribui com alguma coisa, ela tá fazendo de bom grado e não de forma compulsória.

Já pensou a seguinte cena: o ladrão chega pra tu (no caso o governo) com um 38 engatilhado e diz “malandro, contribui aí com mil reais”. No caso aqui, o 38 nego nem via, era um 38 invisível, que puxava o que? O que? Exatamente 0,38% sobre quase todas as movimentações bancárias de todos os brasileiros. Será que esse 0,38 é uma piada/alusão com a arma tão famosa?

Sim, mas a outra parte da sacanagem do nome é o provisório. Provisório? Também, ninguém leu o dicionário pra achar o significado de provisório. Tu imagina ai um parente que diz que está reformando a casa e quer ficar provisoriamente hospedado na sua casa pra economizar dinheiro caso tivesse que gastar com um novo aluguel. Nessa brincadeira, ele passa 10 anos ancorado por lá. E só saiu porque foi botado pra fora e saiu puto da vida. Então, é mais ou menos assim a historia da CPMF. E ainda se dizia provisória.

Essa esculhambação começou em 1993, ainda no governo Itamar Franco, mas só entrou em vigor em 1994, com o nome de IPMF. Cobrava aliquota de 0,25% e foi extinto no final de 1994, como havia sido previsto. E respeitando o caráter provisório.

Mas em 1997, voltou a vigorar com o nome já de CPMF e cobrando singelos 0,20%. Inicialmente, esse dinheiro ia somente pra saúde, como se os outros impostos já pagos pelos brasileiros não fossem suficientes. Em 1999, a CPMF foi prorrogada até 2002, agora com aliquota do ladrão, ou seja, 0,38%, pois agora também era destinada à Previdência Social. E os hospitais continuavam caindo aos pedaços.

Em 2001, teve uma pequena queda pra 0,30%, mas em 2 meses, voltou ao famoso calibre 0,38. Só deixou de existir como CPMF em final de 2007, quando o PT, puto da vida, perdeu em votação no Legislativo e não teve como usa-la mais. Mas engraçado, justamente o PT, essa cambada de filhos da puta que viviam reclamando de FHC usando a CPMF? Ficaram tão putos quando tiraram o direito deles de usarem?

Agora vejam que beleza. Uma empresa A usa os serviços de uma empresa B e paga 100 reais por esse serviço. Ao realizar esse pagamento, a empresa A paga 0,38 pro governo. A empresa B agora tem 100 reais na sua conta, e vai pagar 100 reais ao funcionário Zezé como salário e paga também os 0,38.

Zezé vai ao supermercado e usa um cheque pra pagar sua conta, afinal, se andar com o dinheiro dando sopa, o ladrão da rua rouba tudo. Melhor ser roubado pelo ladrão governo, que leva somente 0,38. Então o supermercado quando movimentar esses 100 reais, pagará outros 0,38. Então não é mais 0,38 que foram pagos sobre os cem reais e sim 1,52.

As três empresas em questão tem como se defender, pois alocam o preço desse imposto no produto final. E Zezé, como se protege? Zezé entrou pelo cano mais uma vez, como entram todos as pessoas físicas nesse Brasil de Marias e Clarisses.

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