terça-feira, junho 08, 2010

A língua do vinho

Existe diferença entre degustar vinho e sempre beber vinhos que você gosta. Essa diferença é que degustar é colocar gosto nas palavras. Não teríamos que nos preocupar com esse detalhe se pudéssemos escolher vinho como quem escolhe queijo na padaria. Pedindo um pedaço pra provar. Deixe-me testar outro, não gostei desse.

“Gostar/não gostar” não precisa do cérebro quando se tem o vinho na sua boca. Mas na maioria das vezes você tem que comprar o vinho sem testar antes. Assim, a não ser que você queira beber o mesmo vinho pelo resto da sua vida, você tem que decidir o que você gosta e o que você não gosta num vinho e comunicar isso a outra pessoa, que pode lhe direcionar pra um vinho que você goste.

Então temos dois problemas. Primeiro, encontrar as palavras para descrever o que você gosta ou o que você não gosta e fazer a outra pessoa entender o que você quer dizer. Naturalmente, isso ajuda se nós falarmos a mesma língua.

Infelizmente, a língua do vinho é um dialeto com um vocabulário indisciplinado e poético, cujas definições mudam todo o tempo, dependendo de quem está falando.
É sabido que os gostos do vinho se revelam sequencialmente, acompanhando o trabalho de reconhecimento da língua e o registro desses gostos no seu cérebro. É recomendado que você siga essa sequência quando se trata de colocar palavras no que você está degustando.

No que se refere a doçura, assim que você colocar o vinho na sua boca, você detecta a doçura ou a ausência dela. Na língua do vinho, “seco” é o oposto de “doce”. No inglês, dry/sweet. Classifique o vinho como doce, seco ou semi-seco (dry/sweet/off-dry).

No que se refere a acidez, todos os vinhos contem uma certa acidez, mas alguns vinhos são mais ácidos do que outros. Acidez é mais um fator de sabor nos vinhos brancos do que nos tintos. Para um vinho branco, a acidez é a espinha cervical do gosto do vinho, pois dá ao vinho uma firmeza na boca. Vinhos com uma quantidade grande de acidez são conhecidos como crispy, e os com pouca quantidade são conhecidos como flabby. Você geralmente percebe a acidez no meio da sua boca. O que os entendedores de vinhos chamam de mid-palate.

No que se refere a ser muito tânico, os vinhos tintos são bem mais tânicos do que os brancos, por causa do maior contato com as cascas da uva. Barris de carvalho também contribuem pro nível de taninos no vinho. Pra generalizar um pouco, os taninos são pros vinhos tintos o que a acidez é pros vinhos brancos: a espinha dorsal.

Os taninos separados podem ser amargos, mas alguns taninos nos vinhos são menos amargos do que outros. Também, outros elementos do vinho como a doçura pode mascarar a percepção de amargura. Você sente o tanino como amargo, ou firmeza, ou riqueza de textura, principalmente na parte de trás da sua boca e se a quantidade de tanino no vinho for alta, você sentirá também na parte interior da sua bochecha e na sua gengiva. Dependendo da quantidade e da natureza dos taninos, você pode descrever o vinho tinto como sendo firme ou suave.

Com relação ao corpo, o corpo do vinho é uma impressão que você tira do vinho inteiro, e não de um básico sabor registrado na sua língua. É a impressão do peso e do tamanho do vinho na sua boca, que é geralmente atribuído a quantidade de álcool do vinho.

Se diz impressão porque 5 ml de vinho na sua boca vai ocupar exatamente o mesmo espaço na sua boca e terá o mesmo peso do que qualquer outro vinho. Mas alguns vinhos parecem ser mais cheios, maiores ou mais pesado na sua boca do que outros. Pense na sensação de encherem sua boca e no peso quando você estiver saboreando. Imagine que sua língua é uma balança bem pequena e julgue quanto pesa o vinho que está lá. Classifique o vinho como encorpado, médio-encorpado e leve-encorpado (full-bodied, medium-bodied e light-bodied).

Nenhum comentário: