sábado, agosto 13, 2011

Atos descabidos

O Brasil poderia estar muito melhor e muito antes caso não tivesse cometido alguns erros gritantes. O primeiro deles foi a criação do monopólio do petróleo em 1953, que fez nascer a cultura das reservas de mercado.

A criação de uma estatal de petróleo foi bom, mas criar também o monopólio não foi. Todo monopólio é antidemocrático pois é uma cassação do direito de produzir. Todo monopólio também é anti-desenvolvimentista, pois reduz o potencial de investimento.

Se uma empresa é eficiente, não precisa de monopólio. Se não é eficiente, não o merece. Este problema foi resolvido com a abolição do monopólio de exploração de petróleo, mas por quanto tempo o Brasil não penou por causa dessa insanidade? Pelo menos uns 45 anos?

Por muito tempo, os pobres iludidos brasileiros, que gritavam à plenos pulmões slogans como “O petróleo é nosso”, não sabiam, os desgraçados, que o leite da Petrobrás iria somente pro fundo de pensão milionário dos funcionários e dos benefícios escandinavos dos que por lá labutavam ou já haviam parado.

Outro erro majestoso foi a construção de Brasília. Essa obra contribuiu pra aumentar a inflação e a corrupção. Inflação pois gastaram horrores na mudança improdutiva da burocracia pra uma cidade parasita, em vez de investimentos em transportes e comunicações direcionados para a mudança pra aquela região. Corrupção porque o funcionalismo passou a reclamar vantagens especiais e rotinizar propina como suplemento salarial.

O argumento pra construção de Brasília foi que era preciso construir a capital em um lugar seguro. Ora, isso funcionava na época dos bombardeios navais, mas na era dos aviões e mísseis, construir uma cidade longe do mar e achar que estão seguros? Também não serviu pra desempatar pólos regionais (como Washington e Camberra) ou de sermos vizinhos de inimigos (como Istambul e Islamabad). Pra que então Brasília? Ninguém sabe.

Outro erro fatal foi a reserva de mercado da informática, de 1984. Quando precisávamos massificar o uso do computador, fizemos o contrario. Nem cresceu o uso e nem a indústria nacional de informática.

O outro erro fenomenal foi a Constituição de 1988. Esse bicho de três cabeças é híbrido no campo político, intervencionista no campo económico e utópica no campo social. O socialismo estava prestes a desmoronar e os constituintes aumentaram de 14 pra 40 os instrumentos de intervenção estatal e criaram 5 novos monopólios. O endurecimento da regulamentação trabalhista provocou desemprego e fuga pra economia informal. O sistema político se tornou híbrido de parlamentarismo e presidencialismo.

No meu tempo de menino, eu ouvia essa frase constantemente: “O Brasil é o país do futuro”. Ora, pode até ser, mas esse futuro não chega pra mim. E como diria Raul, quem não tem presente, se conforma com o futuro.

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