quarta-feira, setembro 15, 2010

Imigração 1: a torneira havia fechado

No Censo dos Brasileiros no Exterior realizado entre Dezembro de 1995 e Dezembro de 1996, pode-se ver um movimento curioso. O grande êxodo de brasileiros parecia ter perdido a força. Qual era a magica? Talvez a moeda forte e a estabilidade económica do governo FHC? Depois de crescer sem parar entre 1985 e 1995, o numero se estabilizou nessa época.

Em 1995 contava-se 1,325,169 e em 1996 contava-se 1,560,162. Um salto de 17%, que correspondia mais ao rigor na verificação dos dados do que a um fluxo migratório.

Com exceção do Paraguai e dos países vizinhos, o grosso dos brasileiros vivia em áreas urbanas. O país que tinha a maior concentração de brasileiros eram os Estados Unidos, com cerca de 600 mil brasileiros. Vinham seguidos pelo Paraguai e pelo Japão, que ocupavam a segunda e terceira posições, respectivamente.

No caso de Chicago, a quantidade de brasileiro aumentou em 50% em um ano, pois a cidade estava se tornando um pólo de imigração de brasileiros. Em Nova York e Boston, destino típicos dos brasileiros em busca de vida melhor, a população estimada das comunidades continuou a mesma.

A perspectiva de fazer trabalhos considerados sub-empregos ainda atraia os brasileiros com poucas qualificações profissionais. A diferença é que alguns dos indivíduos estudados e com recursos também estava indo embora.

Lisboa viu a comunidade aumentar em 120% no período do Censo. Em Moscou, um grupo de empresários tentavam tirar vantagem do vale tudo capitalista que ocupou o lugar do comunismo. Em Dublin, na Irlanda, os brasileiros criavam cavalos puros-sangues.

Em Munique, na Alemanha, o maior número de brasileiros era formado por músicos. No Líbano, eram pequenos agricultores e comerciantes no Vale de Bekaa. Inclusive um paulista já foi ministro e nessa época, tinha sido eleito deputado.

Outro grupo em expansão eram as brasileiras casadas com estrangeiros, sobretudo na Alemanha, Áustria, Suíça e Itália. Na Coreia do Sul predominavam os pilotos brasileiros. E por ai vai.

Nessa época, eu tinha um sonho de morar fora. Apenas um sonho, que viria a se concretizar poucos anos mais tarde. Não sabia ainda, mas em pouco tempo após esse Censo, eu estaria integrando essas estatísticas.

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